quinta-feira, 25 de novembro de 2021

Encontro internacional Media e Cidadania promove debate sobre “Media, representação e cidadania “


Ainda no quadro do Encontro internacional Media e Cidadania foi promovida uma sessão de trabalho e discussões a volta do tema “Media, representação e cidadania “. Carla Fernandes directora da Rádio Afrolis de Portugal, Tânia Adam directora criativa da Rádio África Magazine de Espanha e Paula Melo presidente da associação das mulheres profissionais da comunicação social da Guiné Bissau foram as oradoras.

Durante a sessão debateu-se questões como o tratamento das questões de género nos medias, representações e estereótipos nos media bem como as mulheres em lugares de chefia e na redacção.

“A mulher é o maior grosso da população em Angola. Se elas resolverem não votar não há eleições. Então como é que eu deixo passar politicas públicas que não reflectem os problemas das mulheres se próprias mulheres não nos ajudam e não votam em nós. As mulheres precisam ser mais solidárias para que haja maior representatividade das mulheres nos órgãos de decisão. E no jornalismo é igual. Há poucas mulheres chefes das redacções ou directora dos órgãos”, disse Tânia Carvalho.

“O media é o ponto de contacto com a audiência.Para mim os media tradicionais estão num espaço de segurança no sentido de que há um lugar de trabalho, uma supervisão e há uma série de atores. Mas como chegamos as redes sociais isso é uma eclosão de actores a competirem entre si. A Internet em determinados contextos permite introduzir um conteúdo considerado “ tabu “ mais facilmente em alguns casos do que os media tradicional”, explicou Tânia Adam.

“Um jornalista deve estar sempre atento porque as redes sociais muitas vezes deturpam as informações. O essencial é conhecer e informar com a verdade mesmo que as redes sociais nos antecipem. Além disso as mulheres nesta profissão devem continuar a luta porque não é fácil e os homens não nos deixam ganhar terreno“, disse Paula Melo.

“Eu penso que é preciso nós abrirmos a mente das mulheres com campanhas de sensibilização, com programas e porque não aqui em São Tomé e Príncipe também criarmos uma associação das mulheres da Comunicação Social? Portanto eu penso que as mulheres devem ser mais unidas e puxar umas as outras porque a vitória de uma é de todas” disse Yiolanda Graça.

“É para mim um privilégio. Eu acho que muitas vezes temos a percepção de que no continente africano é diferente. Mas eu acho que isso reflecte um bocado o papel da mulher no mundo. Temos várias mulheres jornalistas, repórter mas o que descobrimos agora nas discussões é que não estão em lugares de chefia. A mulher ainda está numa posição pouco privilegiada em relação ao homem. Somos educadas para estarmos atentas. Então se elas puderem partilhar com jornalistas as suas visões de que forma poderemos evoluir, a mulher tem um papel muito importante enquanto cidadã mas também enquanto jornalista”, disse Carla Fernandes.

“Eu penso que o que falta as mulheres principalmente do nosso país é dar a cara. Acreditar que são capazes. Temos muitas mulheres na comunicação social mas poucas são participativas “ disse Josimar Afonso.

Para a representante da ACEP, tem sido muito positivo essa troca de ideias, pois é “ sempre bom ver os vários pontos de contacto que podem existir, experiências que são comuns mesmo em territórios como Guiné Bissau, Espanha ou Portugal. Há muitas similaridades entre si e tem sido óptimo. Esta questão da solidariedade feminina é muito importante e temos que ver também a questão do empoderamento e podermos dar voz as mulheres. Pequenos contributos que podem ganhar representatividade das mulheres nos medias”, referiu Filipa Oliveira.

Ainda durante este encontro foi debatido a problemática do “ jornalismo na era da (des) informação. Procurou-se entender o impacto da tecnologia na democracia e na cidadania participativa, as redes sociais e a cidadania bem como a protecção da fonte face a fake news e a tentativa da sua desresponsabilização e generalização.

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