sexta-feira, 14 de junho de 2024

FONG participa em Oficina sobre tendências da Cooperação Internacional para o Desenvolvimento

A Federação das Organizações Não Governamentais de STP, FONG-STP irá participar durante três dias na Oficina sobre Tendências da Cooperação Internacional para o desenvolvimento em Cabo Verde, Guiné Bissau e São Tomé e Príncipe que irá decorrer nos dias 18, 19 e 20 deste mês na sede da Plataforma das ONG´s de Cabo Verde. 

A FONG-STP estará representada no evento pelo secretário Permanente Eduardo Elba e pelo Técnico de comunicação Alexandro Cardoso.



Durante os três dias irão debater entre outros assuntos as principais tendências, continuidades e rupturas do sector da Cooperação Internacional para o Desenvolvimento (CID) em Cabo Verde, na Guiné-Bissau e São Tomé e Príncipe. A oficina pretende ainda facilitar uma análise crítica do sector, discutir o seu papel no desenvolvimento sustentável e perspectivas futuras.

O certame é uma parceria entre a Associação para a Cooperação Entre os Povos, a Plataforma das ONG’s de Cabo Verde, a Casa dos Direitos, representada pela Tiniguena – Esta Terra é Nossa! e a Federação das ONG’s de São Tomé e Príncipe. Realiza-se no âmbito do projecto “Construir em Parceria: Sociedade Civil em Rede em Cabo Verde, Guiné-Bissau e São Tomé e Príncipe”, financiado pelo Camões I.P.

O projecto tem como objectivo central contribuir para um ambiente mais favorável ao exercício da participação e à melhoria da governação e da prestação de contas das políticas de Cooperação Internacional para o Desenvolvimento em Cabo Verde, Guiné-Bissau e São Tomé e Príncipe, a partir da intervenção das Organizações da Sociedade Civil (OSC). Pretende ainda contribuir para o reforço de sinergias e potenciar o trabalho entre redes de organizações da sociedade civil nos países acima referidos para a promoção da participação pública e da boa governação.



De realçar que a delegação são-tomense que irá tomar parte no evento deixará o país este sábado.

quinta-feira, 13 de junho de 2024

Crianças vulneráveis clamam por mais atenção das autoridades

As crianças têm o direito de viver e crescer num ambiente familiar que proporcione apoio. O carinho e o estímulo são componentes críticas do desenvolvimento e crescimento saudável de uma criança. Metade das crianças vive em agregados familiares com ambos os pais biológicos e 42% têm pelo menos um dos pais a viver no estrangeiro ou noutra parte do país. Apesar destes indicadores muitas crianças ainda vivem em condições precárias e são acolhidas em lares e casas de acolhimento para crianças e jovens.A Fundação Novo Futuro acolhe no momento 18 crianças dos 3 aos 16 anos de idade. Katya Calege e Fátima Gomes, lidam diariamente com estes meninos que além de necessidades básicas clamam por afecto.

“ Estamos com muitas crianças que foram abandonadas pelos pais, outras que os pais não têm condições para cuidar. Os meninos vivem directamente aqui. Eles ficam a deriva e cabe a nós damos o suporte. Além de tudo proporcionamos também educação de qualidade para os nossos meninos”, disse Katya Calege



Além da falta de água corrente na Fundação situada em Budo-budo, os meninos carecem de “roupas, géneros alimentícios, porque o que conseguimos não é suficiente. Tem que haver um assumir por parte das autoridades para nos apoiar também. Nós fazemos muito e sozinhos não conseguimos dar a estas crianças vulneráveis o que precisam”, concluiu Fátima Gomes

A associação para reinserção de crianças abandonadas e em situação de risco-ARCAR, tem um centro de acolhimento em Mesquita que alberga no momento 50 rapazes dos 4 aos 17 anos.

“ Os meninos vivem aqui e quando atingem a maioridade voltam para casa dos familiares, ou vão para outros locais escolhidos por nós para que não se percam. Aqui eles estudam, fazem todo o percurso deles e temos aulas de apoio também”, explicou Balbina Trindade, responsável de ARCAR




A instituição tem parceria com a cooperação portuguesa e o governo, mas este último pouco ou nada tem feito para ajudar.

“O apoio de governo tem sido muito fraco. Se não fosse a cooperação portuguesa não estaríamos a existir mais. Governo fica muito tempo sem nos dar apoio e quando o faz é uma coisa irrisória e daí que temos de racionalizar a alimentação dos meninos. Nós fazemos o papel do governo. Para manter isso diariamente não é fácil e o governo precisa nos ajudar”, disse Trindade

Além disso, têm centro socioeducativo em Mulundo e Bairro da Liberdade “com cerca de 80 crianças que damos educação, alimentação e ficam lá até as 17 h. É muito complicado quando não tempo apoios suficientes”, rematou Balbina Trindade

“ Lutar por famílias mais estruturadas, combate ao abandono escolar e luta pelos direitos das crianças “ são as prioridades da Fundação da Criança e da Juventude. A ONG trabalha com crianças vulneráveis, mas “com muito talento e podem ir longe, se tiverem oportunidades. Por isso, o nosso foco é dar-lhes educação. Trabalhamos durante o dia, os meninos depois de regressarem da escola, temos aulas de apoio, actividade extracurricular e não só. Depois regressam as suas casas. Fazemos também acompanhamento das crianças para percebermos se estão a passar por alguma situação de violência ou maus tratos”, avançou Inês Fernandes, voluntária da instituição




Com apoio de alguns parceiros têm conseguido realizar as suas acções.

“ Através do projecto RIZOMA temos conseguimos fazer com que as crianças mostrem o seu potencial. Fazemos campanhas de sensibilização sobre os direitos e ambiente. Temos uma parceria com cerca de 7 ministérios e tentamos trabalhar em conjunto para o combate ao abandono escolar e a proteção dos menores. Não é uma tarefa fácil”, frisou Inês Fernandes

Assim como as instituições em cima referidas, existem no país várias outras caritativas e sociais que preocupam com as crianças vulneráveis e as acolhe. A Casa dos Pequeninos em Obôlongo, gerido pela Cáritas é outro exemplo. Acolhe mais de 20 crianças abandonadas, inclusive tem bebés neste momento.

A protecção e desenvolvimento da criança deve ser um compromisso nacional.

Dedier dos Santos, director do Gabinete de Estudo, Planeamento e Coordenação de Parceria do Ministério do Trabalho e da Solidariedade avançou que o governo nem sempre tem condições para dar o apoio que as instituições precisam.

“O governo não consegue abraçar tudo. Por isso, temos estas casas de acolhimento como parceiros. Algumas destas casas de acolhimento têm apoios da cooperação portuguesa através do nosso ministério. Nós temos que apoiar mas nem sempre conseguimos“, disse

O Director do gabinete de estudo, planeamento e coordenação de parceria do ministério do trabalho e da solidariedade frisou ainda que é preciso que haja pessoas também capazes de adoptar as crianças “existentes nestes lares para que haja espaço e oportunidade para outras crianças que necessitam ser acolhidas. Temos facultado o ingresso de muitos meninos de ARCAR por exemplo a universidades, enfim. As crianças não entram nos projectos para ficarem lá para sempre. Têm de sair e ser acolhidas para dar possibilidade a outras que também precisam. Governo tem tido alguma dificuldade, mas estamos a fazer mediante as possibilidades do país”, rematou

segunda-feira, 13 de maio de 2024

Dia Internacional da Imprensa em S. Tomé: Jornalistas acusam os governantes pela degradação da classe


Os jornalistas são-tomenses acusaram os sucessivos governos de serem os responsáveis pela degradação da classe. No evento realizado recentemente para assinalar o Dia mundial da liberdade de imprensa, o jornalista e diretor do Jornal Tela Nón, Abel Veiga acusou a classe política de transformar muitos jornalistas em marionetes.

“Os políticos, dirigentes desse país é que são os responsáveis pela desunião, pela degradação desta classe. Há muita gente da nossa classe profissional que se transformou em marionetes dos políticos deste país e fazem os jogos dos políticos, por isto é que a classe e a comunicação social deste país estão desfeitas e não vão a lado nenhum, por causa da interferência e dos jogos dos políticos”, afirmou Abel Veiga.



O director do jornal Tela Non foi mais longe dizendo que “eles querem que a coisa fique assim, para terem as pessoas nas mãos para manipular, para usar, para financiar (…) é esta a realidade”, concluiu.

O padre Vicente Coelho, responsável pela Rádio Jubilar-emissora católica, também denunciou a falta da liberdade de imprensa no país e das várias cartas de ameaças que tem recebido. O pároco da igreja da Sé que foi um dos oradores na conferência, para falar sobre o papel da comunicação social no fortalecimento da democracia considerou ser “uma perca de tempo se falar de liberdade de imprensa. Aqueles que se exprimem livremente são sancionados, marginalizados. Quem não pensa como aquele que governa é visto como inimigo”, disse Vicente Coelho

As denúncias foram feitas no Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, durante a conferência sobre “Liberdade de Imprensa e Cidadania – Desafios e Responsabilidades”, promovida pelo Conselho Superior de Imprensa, Sindicato e a Associação dos Jornalistas Santomenses.





À margem da actividade e ainda em relação à data, a jornalista Vivalda dos Prazeres apelou “persistência” à classe, uma vez que o jornalismo é “parte fundamental da construção do processo civilizatório e que com ele a democracia ganha sempre um olho vigilante. Os colegas devem ser unidos, ter sigilo profissional. Existe um excesso de interferência da política na Comunicação Social. Isso é claro e não podemos esconder. Usam o seu poder para ter a média no seu controlo e instalam medo, subornam os profissionais, enfim. Devemos ser fortes”, concluiu Vivalda Prazeres.

terça-feira, 30 de abril de 2024

Conferência sobre Liberdade de Imprensa e Cidadania

  

                                Dia mundial da Liberdade de imprensa


No âmbito do dia 3 de Maio, Dia mundial da Liberdade de Imprensa, o Conselho Superior de Imprensa em parceria com o Sindicato dos Jornalistas e a Associação dos Jornalistas promovem na próxima sexta-feira, uma conferência sob o lema" Liberdade de Imprensa e Cidadania - Desafios e Responsabilidades".

No evento que terá como palco o Centro Cultural Português, os profissionais da comunicação social irão reflectir sobre a " regulação da imprensa no país", o " papel dos órgãos de comunicação social no fortalecimento da democracia" e "como melhorar o serviço público da comunicação social ".


sábado, 27 de janeiro de 2024

5ª Quinzena da cidadania promove tertúlia sobre “Caminhos para o empoderamento da mulher”

                                                        


“Novos caminhos: Mulheres, Cultura e Criatividade” foi tema de conversa entre cerca de 30 representantes de mulheres das comunidades do distrito de Lembá. A iniciativa enquadrou-se na quinta quinzena da cidadania que terminou esta sexta-feira (26/01).

A tertúlia foi um momento de troca de experiências, para falar de preocupações e desafios, assim como da necessidade de se organizarem em rede para encontrar soluções em conjunto, na perspetiva do seu empoderamento económico e social.

Por exemplo, a empreendedora, Iva Rodrigues, manifestou-se animada com o rumo do seu negócio.

“Antes fazia doce de coco, que dava-me muita vantagem. Agora faço gelado. Não tenho medo de trabalho. Posso amarrar 300 plásticos de gelado agora. Tem saída. Eu guardo sempre algum dinheiro. Quando o negócio fica fraco, assim posso retomar. E vou terminar meu curso este ano”, explicou. 
Iva já tinha feito uma formação em gestão.

A literacia financeira foi igualmente abordada. De momento, não há nenhum banco no distrito. Xiquilá, nas suas diversas modalidades, é a única alternativa para fazer poupança. Um grupo de amigos ou colegas de trabalho definem as regras. Ou seja, o montante da contribuição e o calendário rotativo de receção. Não há juros, nem comissões. É uma espécie de um por todos e todos por um. Este modelo está generalizado, nomeadamente na administração pública.

“Assim que eu recebo, tiro 500 Dobras e pago xiquilá. Quando chega a minha vez de receber, compro algumas coisas para casa… gasto de acordo com as minhas necessidades. Assim é minha poupança”, disse uma das participantes, que trabalha na fábrica Fluta Non (Nossos Frutos).

Algumas são pequenas agricultoras e o roubo nas suas parcelas de terra tem sido uma grande dor de cabeça. Maria de Lurdes Cabral herdou um pedaço de terra da sua mãe. 

“ Planto milho, mandioca e batata. Mas os ladrões não deixam. Sou mulher, não tenho marido para ajudar-me. Quando sair do trabalho às 17 horas vou com a minha vizinha ver o campo, porque gente de fora está a roubar muito. Neste momento, é de colheita de milho e já estão a roubar. Estão a tirar milho com lanterna. Há dias, lá na Generosa roubaram 5 cabras, de noite, com vizinhos no quintal. E não se sabe, até agora, quem foram os autores. Este é o problema de São Tomé. A gente gasta para os outros. Já chega”.

Contudo, a resiliência e a perseverança continuam presentes.
                                                                     



“Eu tenho uma parcela de terra. Eu mesmo faço a limpeza do meu terreno, quebra de cacau com a ajuda do meu filho. Trabalhava desde 12 anos na empresa Ribeira Palma Praia e quando distribuíram deram-me uma parcela. Era um dependência de Ponta Figo. Hoje, tenho uma boa vida. Criei sete filhos. Quatro rapazes viajaram, duas meninas saíram com bolsa de estudo, tudo com o meu lote. Pertenço a rede de produção de cacau biológico. Eu vivo mais de agricultura” disse Arnalda Ramos de 58 anos.

Na hora do balanço, as participantes consideraram que o encontro foi interessante.

Rebeca Carvalho, assessora da Câmara Distrital para a área do Turismo, destacou um aspecto “muito importante”.

“Como a mulher deve ser resiliente em vários domínios. Estamos a falar não só do empreendedorismo, mas também de como unir forças para resolvermos os nossos problemas. Aprendemos muito hoje e vamos pôr em prática para ajudar-nos a nós próprias, quanto à sociedade em que estamos inseridas”.

Liudimila Leal, membro da Associação de Mulheres Juristas e facilitadora da tertúlia reconheceu que a “interação foi muito interessante. As mulheres falaram não só dos seus problemas, mas também do seu modo de vida. A mulher pratica naturalmente o empreendedorismo, mas às vezes podem não saber tirar o melhor partido. Trouxemos algumas dicas e demos a conhecer as atualizações feitas no mundo sobre o empoderamento feminino e como é que elas devem se posicionar para participar no desenvolvimento socioeconómico da mulher”.

Atividade idêntica realizou-se em Caué, no último dia da quinta Quinzena da Cidadania.

terça-feira, 23 de janeiro de 2024

Palestra sobre Direitos Humanos e Cultura em Caué



Depois de Mé-Zochi a caravana da 5ª Quinzena da Cidadania rumou a zona sul do país, mais concretamente a cidade de Angolares para um intercâmbio com os alunos da escola secundária local. 
“Cultura e Direitos Humanos” foi o tema central de conversa aberta de jovem para jovem. Gisela Sousa e Sokeyna Santiago, das associações dos estudantes da Escola Portuguesa e do Liceu Nacional, conversaram com os alunos sobre as temáticas em foco.

Foi um ambiente discontraído e de muita interacção em que os alunos ficaram a conhecer os artigos da Convenção dos Direitos Humanos , sobre a importância de se respeitar o outro e alguns foram contando o que têm visto na comunidade.
“ Aqui não tem muitos casos de agressão física ou violência contra mulher. Mas muita gente trata mal os mais velhos. Quando eles estão a atravessar ninguém vai ajudar porque pensam que são feiticeiros”, disse Euridice Mendes.

Dudene Kapela outra aluna do 12º disse que está “ triste com o país pelo facto das pessoas ricas não irem para a cadeia. Por exemplo um senhor foi preso injustamente e acusado de roubar banana só porque ele é pobre. E depois vieram descubrir que não foi ele. Acho que isso também é violação dos direitos Humanos”.

“ Problema do país é que a justiça não é igual para todos. Está na lei mas não se vê. Doido bateu uma senhora aqui no distrito e ninguém ligou. Quando o mesmo doido agrediu uma pessoa com condições, a polícia veio e levaram o doido para a psiquiatria. Isso é justo?”, questinou Kilza Gomes.



Depois de partilha de histórias e conhecimentos, os alunos mostraram-se satisfeitos com a iniciativa da organização da 5ª Quinzena da Cidadania.

“Eu gostei de actividade e aprendi que todo mundo tem que ter direito igual. Filho de pobre ou de rico tem mesmo direito de ir para a escola”, avançou Marcos Nicolau.

“Eu gostei e aprendi que nós jovens devemos falar mais, ajudar os mais velhos. Eu aprendi que devemos lutar para combater essa ideia de que quem é rico tem mais valor do que os pobres. Em relação aos mais velhos temos que ajudá-los e fazê-los ter vontade de viver de novo e de contar histórias", Lídio Fernandes.

Eduardo Elba, da FONG-STP na sua intervenção para os mais novos explicou o objectivo deste evento e que a equipa se deslocou a Caué no âmbito da Quinta Quinzena da Cidadania que está a decorrer no país.

“E a juventude sendo a grande maioria no país e tendo em conta que Caué é um distrito forte em termos de cultura resolvemos vir para a escola falar sobre estes assuntos com a juventude. E por isso é sempre importante falarmos um pouco sobre a importância da cultura na nossa sociedade e também sobre a situação dos Direitos Humanos aqui no distrito de Caué e no país. Estamos a levar esta actividade para alguns distritos para dispertar a consciência dos jovens”, referiu Eduardo Elba.

As oradoras por sua vez, congratularam-se com a experiência e o ambiente vivo na escola.

“ É importante haver sempre este tipo de actividade para compartilharmos ideias. É um desafio para mim e aprendi bastante com eles. É a partir dos jovens que começa a mudança “, disse Gisela Sousa
Sokeyna Santiago achou a palestra “ super interessante, os alunos participaram bastante e aprenderam sobre os dieritos humanos que é algo que não se fala muito. A ideia da organização foi boa. Acredito que a mensagem foi passada bem”, sublinhou.

Domitilia Sousa da Associação das Mulheres Juristas fez um balanço positivo da actividade. "Abordaram questões do dia-a-dia, alguns fizeram retrato da sua comunidade e foi bom esta troca. Saímos daqui aprendendo também algumas coisas do distrito de Caué e a forma como os jovens pensam”, explicou.

Na recta final da 5ª Quinzena da Cidadania esta parceira referiu ainda que o balanço tem sido positivo, uma vez que “ abordamos assuntos de áreas pouco financiadas como Cultura e Direitos Humanos. Estamos a exercer a cidadania activa, intervindo e fazendo sobretudo a juventude falar e dar o seu contributo” concluiu Domitilia Sousa.

segunda-feira, 22 de janeiro de 2024

Alunos da escola Maria Manuela Margarido falam sobre os Direitos Humanos



As actividades da segunda semana da quinta Quinzena da Cidadania arrancaram no distrito de Mé-Zochi, na escola Maria Manuela Margarido, onde os alunos do 12.º ano participaram numa palestra sobre os direitos humanos.

“Nós queremos que vocês entendam que todos temos direitos e deveres. E sabendo do nosso direito, conseguimos nos impor e dar o nosso contrituto a sociedade. Vocês, os alunos têm que participar mais”, explicou Arminda Rolim uma das oradoras.

Durante a actividade, questões como maltrato aos idosos, agressão e impunidade também foram afloradas.

“Não podemos nos esquecer dos acontecimentos de 25 de Novembro de 2022. Isso é que despertou a consciência da sociedade civil para as questões dos direitos humanos, numa sociedade democrática isso não pode acontecer. Foi uma violação aos direitos humanos”, disse Arminda Rolim. "O país não tem dono como muitos pensam, por isso tempos que contribuir e dar a nossa opinião”, concluiu.

Por seu lado, Sokeyna Santiago, da Associação dos Estudantes do Liceu Nacional, falou sobre a Convenção dos Direitos Humanos. De jovem para jovem Sokeyna Santiago explicou detalhadamente os 30 artigos da Convenção e da necessidade de cumpri-los no dia-a-dia. Para esta jovem líder o momento da juventude é agora.

“Nós, enquanto jovens, estamos a notar que os Direitos Humanos estão a ser cada vez mais violados no país. As normas não estão a ser aplicadas e enquanto jovens devemos ter uma voz, uma intervenção. Se não o fizermos hoje, vai ser difícil fazê-lo mais tarde”, avançou.

Os alunos classificaram a palestra de gratificante.

“ É uma iniciativa muito boa porque veio nos ajudar a conhecer mais sobre os Direitos Humanos. Eu consegui captar que todos temos direitos, mas é preciso respeitar o próximo. Aprendi que também é importante respeitarmos e cuidarmos das nossas avós e não chamá-las de feiticeira“, disse Edmilson Santiago.



Para Erica Costa a palestra foi “muito elucidativa em relação aos Direitos Humanos. Ouvi coisas que não aprendemos na escola e isso foi bom, principalmente sobre a forma de tratar os mais velhos”, disse.

Durante a actividade os alunos que mais se destacaram e responderam as questões colocadas sobre os Direitos Humanos receberam t-shirts da 5ª Quinzena da Cidadania.

A palestra sobre os Direitos Humanos será estendida a escolas dos distritos de Lobata e Caué.

sábado, 20 de janeiro de 2024

As mulheres nas manifestações culturais em São Tomé e Príncipe - uma exposição de Lourenço Silva



A mostra com 20 imagens captadas pelas lentes do repórter fotográfico, Lourenço Silva, retrata a presença feminina desde o Socopé à Dêxa, passando pela Ússua, Puita, Jogo de Cacete ou Bligá a Auto de Floripes, entre outras.

“Fui fazendo estes registos já há algum tempo, destacando, sobretudo, o à-vontade das nossas mulheres nas diversas manifestações culturais, como por exemplo, no Danço Congo. Outrora, era mais uma atividade dos homens, porque é muito intenso. Quando apareceu o Danço Congo feminino de Pantufo, fiquei muito entusiasmado”, disse o autor das fotografias. Pantufo é uma vila costeira do distrito de Água Grande, a 3 km da cidade capital.

Para o estudante Onésimo Costa esta exposição é importante, porque “chama a nossa atenção sobre as manifestações que ainda estão presentes na nossa cultura, embora sofrendo algumas influências. Isso precisava ser mais valorizado e deve permanecer para que as próximas gerações possam conhecer a nossa tradição original”.

“O papel da mulher é relevante. Pelo que está aqui exposto, não há nenhuma manifestação em que a mulher não esteja presente. Assim sendo, considero que a mulher é a principal responsável pela preservação das nossas tradições”, sublinhou.

Amaura Silva, estudante de Matemática, por sua vez, qualificou esta amostra de “grande valia, porque antigamente, a mulher não fazia parte de algumas manifestações, como na Tragédia de Marquês de Mântua ou Tchiloli. As personagens femininas eram assumidas por homens. No Danço Congo também. Hoje, já vemos que elas começaram a ser integradas e o envolvimento das crianças, nomeadamente meninas também é importante, neste intercâmbio entre gerações”.

A herança do período colonial começa a ser invertida. De facto, “a situação agudizou-se com o ‘Estado Novo’ com o slogan ‘Pátria, Família e Nação’. E o papel da mulher na sociedade diminuiu consideravelmente. Com isso, um número muito reduzido de famílias abastadas enviaram as filhas para fazer no estrangeiro cursos para ensino primário e enfermagem. No aspecto cultural, a participação era muito reduzida. É de salientar que nas atividades folclóricas apenas uma mulher, a Floripes, na peça Auto-Floripes desempenhava essa função”, lê-se no texto elaborado pela Direção da Cultura, relacionado com a exposição.

No quadro da V Quinzena da Cidadania centrada na “Cultura e Direitos Humanos”, os organizadores quiseram destacar a participação das mulheres nas manifestações culturais do arquipélago.

A exposição está patente no refeitório da Faculdade de Ciências e Tecnologias, um dos pólos da universidade pública.

sexta-feira, 19 de janeiro de 2024

"Um novo tchiloli" - as mulheres no Tchiloli, por Dário Pequeno Paraíso



A exposição fotográfica “Um novo Tchiloli” retrata a história das raparigas da localidade de Cachoeira que decidiram interpretar o tchiloli numa versão totalmente feminina.

Segundo o artista DárioParaíso, “continuamos a ver os homens a fazerem as manifestações culturais inclusive os papéis das mulheres. Então na altura estava a fazer um trabalho sobre as manifestações culturais e descobri este grupo só de mulheres na Cachoeira”, explicou.

O Tchiloli é uma peça teatral inspirada nos textos medievais - Tragédia de Marquês de Mantua e do Imperador Carlos Magno escrito por Baltasar Dias no século XVI. No país existem cerca de 15 grupos e todos eles têm apenas homens a interpretar todos os papéis femininos. O grupo de Tchiloli de Cachoeira existe há cerca de cinco anos e vem lutando pela sua afirmação.



O artista avançou ainda que “elas fazem todos os papéis e isso visa mudar as coisas. São gerações novas a querer fazer diferente. Acompanhei todo o processo e o interessante é que toda a comunidade apoia, dá suporte e orgulha-se destas mulheres”, referiu Dário Paraíso.

O trabalho levou cerca de seis meses para estar pronto e cativou o público que se dirigiu ao Centro Cultural Português.

“O Dário tem um olhar muito inclusivo sobre a participação da mulher sobretudo no Tchiloli que é de certa forma curioso e interessante para os tempos actuais onde há uma necessidade muito grande de igualdade de género” disse Olavo Amado.

A embaixadora de Portugal em S. Tomé e Príncipe, Cristina Moniz, mostrou-se radiante com o que viu sobretudo com o papel e postura das jovens do Tchiloli. “Parece-me que são mulheres muito fortes em geral. Mesmo que estejamos a falar de um grupo que normalmente é mais vulnerável, aqui aparecem com uma grande imagem de força e postura. Acho curioso e o artista soube captar estas representações muitíssimo bem", frisou.

Além da exposição, foi exibido no CCP um documentário sobre o Thiloli feminino e as outras manifestações culturais do país; actividade enquadrada na 5.ª quinzena da cidadania que decorre no país até ao dia 26.

A exposição intitulada “Um novo Tchiloli” estará patente no CCP até a próxima sexta-feira.

Ainda durante a actividade exibiu-se também o documentário “ Novos caminhos- Mulheres , Cultura e Criatividade”. O momento serviu também para uma conversa aberta com o artista Dário Paraíso e a professora Sónia Carvalho.


Segunda edição do Índice de Percepção da Corrupção em S. Tomé e Príncipe apresentado na Quinzena da Cidadania


A segunda edição do Índice de Percepção sobre a Corrupção e Governação foi apresentado ao público na Universidade Pública de São Tomé e Príncipe no quadro da 5.ª Quinzena da Cidadania que decorre no país até a sexta-feira. Cerca de cem pessoas entre magistrados, procuradores, professores universitários e advogados foram inquiridas neste processo.

O Índice de Percepção da Corrupção refere que as pessoas acreditam que a corrupção cresceu “nos dois últimos anos devido à falta de autoridade do Estado, impunidade e clientelismo político, havendo a perceção de descrédito e de que as instituições judiciárias operam em prol ou em favorecimento da classe alta”, lê-se no documento.

São Tomé e Príncipe é dos poucos países que subescreveu quase todos os pactos internacionais a nível do combate a corrupção, mas o grande problema é o “funcionamento das instituições e a aplicação dessas leis. As pessoas inquiridas entendem que a corrupção aumentou muito e que nada é feito aos corruptos”, explicou Ernesto Nhanale, coordenador da edição.

Ernesto Nhanale avançou ainda que há um entendimento “de que as instituições do setor judiciário não dão seguimento às denúncias ou indícios de ilícitos criminais”. O país tem legislação suficiente em matéria de criminalização, mas faltam condições para a investigação de crimes ligados a corrupção.

“São crimes que envolvem métodos e técnicas cuja forma de investigação nós ainda não temos. Por exemplo, escutas, buscas e apreensões de documentos, contas bancárias, transacções financeiras que envolvem, muitas vezes, países terceiros. Tem que haver meios e recursos”, disse Vera Cravid, Procuradora-geral Adjunta do Ministério Público e representante da Associação São-tomense das mulheres juristas

A magistrada avançou ainda que o combate à corrupção no país exige a“ mudança de mentalidade. Pois a forma de ser dos são-tomenses nos prejudica não só na matéria de corrupção mas também nas questões de educação. É preciso uma estratégia. A falta de lei de protecção a testemunha é outro entrave que nós temos, porque estamos num país em que todos se conhecem. Alguma coisa está a ser feita mas ainda nos falta muito”, disse.



O índice recomenda a necessidade de investir no departamento de investigação e acção penal do ministério público, com recursos financeiros, humanos e tecnológicos especializados, para que a intervenção seja mais eficaz.

“ Recomendamos também o acesso as leis de informação, implementação de quadro legal, mudança da cultura, porque o governante deve perceber que dar acesso a informação não é só uma questão de transparência é contribuir também para o empoderamento das pessoas e reforça as nossas responsabilidades. Tudo isto estimula o desenvolvimento e o bem estar”, concluiu Ernesto Nhanale.

Recomenda ainda o estudo o “apoio as organizações da sociedade civil a nível técnico e financeiro, para permitir reforçar a sua capacidade de intervenção no domínio da luta contra a corrupção e na promoção da transparência na gestão de bens públicos”.

A apresentação do índice ao público contou com a ausência de decisores e pessoas ligadas a instituições de direito que pudessem elucidar melhor a plateia sobre as políticas, medidas e o que está a ser feito de concreto para a credibilização da justiça e travar a corrupção.