Esta foi uma das conclusões saídas do debate realizado sobre “ O papel do jornalismo na democracia”. Salvador Ramos ex ministro dos Negócios Estrangeiros, Borges Nhamirre jornalismo moçambicano e Adelino Lucas Secretário de Estado da Comunicação Social foram os oradores. O debate foi acesso e contou com intervenções não só dos jornalistas mas também de membros da sociedade civil e docentes. Várias questões foram levantadas, mas sobretudo, todos manifestaram a preocupação sobre a maneira em que os órgãos estatais do país fazem a notícia.
“Nós sabemos quais são os problemas da comunicação social no país. Conhecemos as respostas mas ninguém quer dar o salto. Existem organizações (sindicato e associações de jornalistas) que na prática na minha opinião não estão a defender a classe. O quê que nos impede de fazer melhor? O que falta o Conselho Superior de Imprensa? Além de gastar o dinheiro de Estado a pagar pessoas que estão lá, no fundo não fazem nada. E nós jornalistas o que estamos a fazer para quebrar esse discurso de que nós somos livres, quando sabemos que não somos? Não temos liberdade de sermos jornalistas nesse país. Nós a nova geração deveria fazer diferente”, disse Josimar Afonso.
“É preciso que estejamos a altura para dar resposta as necessidades da população. É preciso formar jornalistas e que trabalhem com a verdade. Nós temos a transição para o digital, mas aí eu gostaria de perguntar nesta perspectiva que energia vai se juntar nesta transição, como resolver o problema com a EMAE, tendo em conta que o digital é altamente sensível. A televisão trabalha como peças ultrapassadas. Como resolver isso?”, questionou Costa Neto.
“Eu sou estudante de jornalismo e línguas mas nunca gostei de ser jornalista devido algumas coisas que acontecem no nosso país. Mas ao mesmo tempo eu quis ser jornalista para poder fazer diferente. Se o nosso governo quisesse que os jornalistas fizessem um melhor trabalho eles fariam. Eu digo isso porque estou sempre actualizado com as coisas que acontecem no país e tenho drones que captam o que as câmaras da TVS não fazem e não divulgam. O estado diz que é democrático mas os jornalistas não são livres. Jornalistas precisam ter liberdade para divulgar informações livres e verdadeira,“ disse Eliude.
Célia Possér na sua intervenção defendeu uma maior autonomia nos órgãos de Comunicação Social estatais.
“O jornalista continua a ser pouco reconhecido no país. Enquanto os órgão de Comunicação Social não tiverem autonomia não teremos um serviço de informação isento no país. O poder continuará a mandar nos meios de comunicação Social. Muitas vezes fazemos ou fazem uma denúncia na Comunicação Social e não há direito de resposta porque não convém” disse Célia Pósser.
Salvador dos Ramos um dos oradores no final dos trabalhos reconheceu que o debate foi bastante proveitoso.
“Gostei muito, o debate foi rico e nós chegamos a uma conclusão de que os jornalistas devem continuar a fazer esforços no sentido de alcançarem os objectivos para os quais vêm lutando ao longo dos anos. Na minha opinião o país nunca esteve tão recheado de instrumentos jurídicos, os chamados instrumentos de auto-regulação da actividade de jornalista como hoje. É preciso pormos em marcha esses passos e trabalharmos para que em STP se possa fazer um jornalismo de qualidade”, disse Salvador dos Ramos.
Já o secretário de Estado para a Comunicação Social sublinhou que exercícios de género devem ser levados para todos os cantos do país.
“Foi um exercício bastante importante. Houve muita interacção e é bom cada vez mais irmos pensando e discutir a prática de jornalismo em STP. E essa iniciativa deve ser repercutida a outros cantos do país. Esse binómio jornalismo- democracia e jornalismo-cidadania precisa ser mais discutido para entenderem o significado e o alcance da Comunicação Social. Cada um deve pautar a sua conduta pelo brio profissional”.
Borges Nhamirre realçou o papel ingrato e incómodo da profissão de jornalismo e alertou a classe de que “ devem estar conscientes que a profissão que escolheu exercer incomoda o poder. Os jornalistas devem se posicionar do lado do povo e funcionar como um cão-de-guarda do bem público que esta a ser gerido pelo poder. O trabalho de jornalista é de não agradar e servir ao poder. E se fizer isso vai sofrer repressão, perseguição e não só. Mas se é a profissão que escolheu deve continuar firme”.
Jornalismo de qualidade, luta pela dignidade da classe,capacitação e eliminação da auto-censura foram algumas das recomendações saídas deste debate.
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