Depois de Mé-Zochi a caravana da 5ª Quinzena da Cidadania rumou a zona sul do país, mais concretamente a cidade de Angolares para um intercâmbio com os alunos da escola secundária local.
“Cultura e Direitos Humanos” foi o tema central de conversa aberta de jovem para jovem. Gisela Sousa e Sokeyna Santiago, das associações dos estudantes da Escola Portuguesa e do Liceu Nacional, conversaram com os alunos sobre as temáticas em foco.
Foi um ambiente discontraído e de muita interacção em que os alunos ficaram a conhecer os artigos da Convenção dos Direitos Humanos , sobre a importância de se respeitar o outro e alguns foram contando o que têm visto na comunidade.
“ Aqui não tem muitos casos de agressão física ou violência contra mulher. Mas muita gente trata mal os mais velhos. Quando eles estão a atravessar ninguém vai ajudar porque pensam que são feiticeiros”, disse Euridice Mendes.
Dudene Kapela outra aluna do 12º disse que está “ triste com o país pelo facto das pessoas ricas não irem para a cadeia. Por exemplo um senhor foi preso injustamente e acusado de roubar banana só porque ele é pobre. E depois vieram descubrir que não foi ele. Acho que isso também é violação dos direitos Humanos”.
“ Problema do país é que a justiça não é igual para todos. Está na lei mas não se vê. Doido bateu uma senhora aqui no distrito e ninguém ligou. Quando o mesmo doido agrediu uma pessoa com condições, a polícia veio e levaram o doido para a psiquiatria. Isso é justo?”, questinou Kilza Gomes.
Depois de partilha de histórias e conhecimentos, os alunos mostraram-se satisfeitos com a iniciativa da organização da 5ª Quinzena da Cidadania.
“Eu gostei de actividade e aprendi que todo mundo tem que ter direito igual. Filho de pobre ou de rico tem mesmo direito de ir para a escola”, avançou Marcos Nicolau.
“Eu gostei e aprendi que nós jovens devemos falar mais, ajudar os mais velhos. Eu aprendi que devemos lutar para combater essa ideia de que quem é rico tem mais valor do que os pobres. Em relação aos mais velhos temos que ajudá-los e fazê-los ter vontade de viver de novo e de contar histórias", Lídio Fernandes.
Eduardo Elba, da FONG-STP na sua intervenção para os mais novos explicou o objectivo deste evento e que a equipa se deslocou a Caué no âmbito da Quinta Quinzena da Cidadania que está a decorrer no país.
“E a juventude sendo a grande maioria no país e tendo em conta que Caué é um distrito forte em termos de cultura resolvemos vir para a escola falar sobre estes assuntos com a juventude. E por isso é sempre importante falarmos um pouco sobre a importância da cultura na nossa sociedade e também sobre a situação dos Direitos Humanos aqui no distrito de Caué e no país. Estamos a levar esta actividade para alguns distritos para dispertar a consciência dos jovens”, referiu Eduardo Elba.
As oradoras por sua vez, congratularam-se com a experiência e o ambiente vivo na escola.
“ É importante haver sempre este tipo de actividade para compartilharmos ideias. É um desafio para mim e aprendi bastante com eles. É a partir dos jovens que começa a mudança “, disse Gisela Sousa
Sokeyna Santiago achou a palestra “ super interessante, os alunos participaram bastante e aprenderam sobre os dieritos humanos que é algo que não se fala muito. A ideia da organização foi boa. Acredito que a mensagem foi passada bem”, sublinhou.
Domitilia Sousa da Associação das Mulheres Juristas fez um balanço positivo da actividade. "Abordaram questões do dia-a-dia, alguns fizeram retrato da sua comunidade e foi bom esta troca. Saímos daqui aprendendo também algumas coisas do distrito de Caué e a forma como os jovens pensam”, explicou.
Na recta final da 5ª Quinzena da Cidadania esta parceira referiu ainda que o balanço tem sido positivo, uma vez que “ abordamos assuntos de áreas pouco financiadas como Cultura e Direitos Humanos. Estamos a exercer a cidadania activa, intervindo e fazendo sobretudo a juventude falar e dar o seu contributo” concluiu Domitilia Sousa.