segunda-feira, 30 de novembro de 2015

Desenvolvimento local e a participação da sociedade civil debatido em Lobata

Alda Bandeira, professora
Depois de Príncipe, Caué e Lembá, a Federação das ONG em São Tomé e Príncipe leva seminário sobre o desenvolvimento local e a participação da sociedade civil ao distrito de Lobata. Cerca de 20 pessoas reuniram-se no Centro Paroquial de Guadalupe, na passada sexta-feira, 27 de Novembro de 2015, pelas 14h00, para receberem orientações de como se organizarem para cumprirem um dever, o de participar na governação, mais concretamente no desenvolvimento local.

Filomena Monteiro, Delegada Saúde Lobata
A professora universitária, Alda Bandeira, que tem sido facilitadora nestes seminários que a FONG-STP tem levado para todos os distritos do país, conversou com os presentes e aconselhou-os a organizarem-se, pois só assim poderão ver os seus anseios satisfeitos. A professora entende que o “poder local é o núcleo de gestão mais próximo das pessoas e é ai onde se deve realizar a participação e, assim, a democracia. A participação só acontece quando as pessoas passarem do estado passivo de representação para o estado activo. Para que isso aconteça, as pessoas têm que estar conscientes de que a participação é, mais que um direito, um dever. A participação é o exercício da democracia que através da qual estabelecemos a alternância do poder, exigimos a prestação de contas e pressionamos os governantes a servir bem o povo”.

Uma das grandes inquietações dos residentes no distrito de Lobata prende-se com a maneira como se está a dirigir a Rádio Comunitária de Lobata. Uma rádio comunitária deve servir não só como um meio de informação útil às comunidades, como também de elemento agregador de todas as sinergias locais e permitir que as pessoas participem mais nas tomadas de decisões a nível local. O que segundo muitos dos presentes não está a acontecer. Filomena Monteiro, Delegada da Área de Saúde de Lobata, que fez parte da Comissão Instaladora da Rádio Comunitária de Lobata, afirma que “no momento da sua concepção, pensou-se numa rádio para servir a comunidade. Uma rádio para pescadores, palaiê, agricultores, escolas, no fundo para trabalhar com e para as pessoas de Lobata. Mas hoje as pessoas não percebem isso. A rádio Comunitária de Lobata está a servir o poder político.”

Depois deste seminário, o Vice-presidente da Associação dos Jovens Unidos de Praia das Conchas, Adnizo Mendes, está determinado a resolver um dos maiores problemas da sua comunidade. Segundo o jovem “Praia das Conchas tem o problema de água há mais de duas gerações. Consumimos uma água que vem do rio, não é própria para o consumo humano. E se nós não nos organizarmos para resolver este problema, os nossos filhos criarão os seus filhos usando essa mesma água”, concluiu.

A fragilidade da liderança comunitária tem afectado o avanço de muitas comunidades do distrito de Lobata. Herlander Bonfim, residente em Poiso Alto, falou sobre a sua comunidade e no final partilhou aquilo que entende ser um grande erro cometido em Poiso Alto. “Quando se começou a construção do sistema de captação de água para Poiso Alto, foi pedido a nossa comunidade que acompanhasse o trabalho, mas a comunidade não o fez. A obra ficou sem qualidade e quando chove, a água não corre. Temos um grave problema de liderança na nossa comunidade.”

Este seminário deve ser, de acordo com os presentes, estendido para as comunidades mais longínquas, e se possível em línguas nacionais, para que as pessoas percebam o seu verdadeiro papel e a importância de uma comunidade estar organizada.

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