Da esquerda para a direita: Presidente do Governo Regional do Príncipe, Filipe Nascimento, e Presidente da FONG, Cândido Rodrigues |
A campanha de informação e
sensibilização realizada pela Rede da Sociedade Civil para a Boa Governação
chega a ilha do Príncipe com apresentação de estudos como a Monitoria aos
projectos de Ajuda Pública ao Desenvolvimento no sector social entre 2012 e
2016, Condições de Monitoria da Governação Jurídica e Política em STP e um
relatório sobre o Processo orçamental a nível local e central em STP, além da
exibição de vídeo sobre os desafios do desenvolvimento do país tendo em conta a
situação da ajuda externa.
A comitiva aproveitou para fazer uma
exposição sobre obras públicas que mostra como é que as opções da governação interferem
na vida das pessoas.
O Presidente da FONG, Cândido Rodrigues,
na sessão de abertura, alertou aos presentes “que é muito importante e
necessário estarmos preocupados com o desenvolvimento do nosso país. É preciso
sabermos o que está a ser feito para darmos a nossa contribuição. E para isso,
precisamos estar informados, sensibilizados e disponíveis. Ainda temos muitas
dificuldades na obtenção de informações para os nossos trabalhos. E
aproveitamos para pedir aos nossos dirigentes para que facilitem o acesso à
informação para que a sociedade civil possa informar as pessoas para o
fortalecimento da cidadania no país”.
O Presidente do Governo Regional, Filipe
Nascimento, que presidiu a sessão de abertura, reconhece que “é com enorme
satisfação que acompanhamos essa atenção que a FONG vem dando à Região Autónoma
do Príncipe, nos colocando sempre na sua agenda. E isso nos faz sentir que
Príncipe não está fora do panorama das actividades da FONG, o que nos orgulha
imenso.”
Sobre a participação dos cidadãos no
desenvolvimento do país, Filipe Nascimento afirma que “enquanto cidadãos, a
FONG vem permitindo que tenhamos a oportunidade de participação na vida democrática
do país. A democracia não se esgota no acto eleitoral. A componente de
participação cívica contínua é muito importante. A FONG vem permitindo aos cidadãos
a possibilidade de vigiar as nossas acções enquanto governantes e gestores da
coisa pública. Mais de 90% do nosso orçamento provem da Ajuda Pública ao
Desenvolvimento. O papel que a sociedade civil tem feito, permite com transparência
a difusão de informações para que os cidadãos saibam de onde vêm os recursos e
como são geridos.”
O orçamento é o principal instrumento de governação e , por isso, “é importante que os cidadãos saibam a sua importância. Nós programamos as nossas acções através do orçamento, mas quando olharmos para a sua execução, nem sempre é bem conseguido como gostaríamos. Os cidadãos devem ter a ousadia de perguntar aos dirigentes a razão da fraca execução e das promessas que não são cumpridas. E nós enquanto dirigentes, temos que ter respostas para dar. É fundamental que haja esse processo de difusão de informação, para nós também sentirmos que a população está atenta. Mas também é preciso uma população curiosa em obter informações para aumentar a pressão nos dirigentes de fazer as coisas bem feitas e gerir bem aquilo que é de todos nós”, concluiu.
No painel do debate, varias vozes se
levantaram para falar da situação da Região Autónoma do Príncipe.
O deputado da Assembleia Legislativa Regional, Josias Umbelina, reclama que “na exposição, dizem que o hospital de Príncipe está concluído e precisa apenas de apetrecho. Esse hospital é uma vergonha para o Estado santomense. Já passaram vários governos e promessas atrás de promessas, mas tudo continua na mesma. Toda a ajuda que chega ao país devia ser bem distribuída a todo o país, mas ao Príncipe não chega quase nada. Tivemos um ano que aqui no Príncipe não se realizou nenhuma despesa de investimento. Basta ver a actual governação que já tem dois anos. O que foi feito aqui no Príncipe? O Príncipe não devia depender de boa vontade de alguns, quando a lei determina a distribuição justa de recursos a todos”.
Da esquerda para a direita: Presidente da Assembleia Legislativa Regional,
João Paulo Cassandra, e Presidente da FONG, Cândido Rodrigues
O Presidente da Assembleia Legislativa
Regional, João Paulo Cassandra, que presidiu a cerimónia do encerramento,
afirma que “o processo orçamental é complexo mas deve envolver todos para que
saibam com o quê podemos contar para o nosso desenvolvimento. Nós, na
Assembleia Regional, que temos a competência para aprovar o orçamento, vemos
números mas, muitas vezes, também não fomos escutados para darmos as nossas
contribuições. O povo que escolhe os dirigentes também deve ser ouvido. Para isso
precisamos de uma sociedade dinâmica e critica para poderem contribuir da
melhor maneira para a governação. Não será favor nenhum, os governantes darem
informações e ouvir os cidadãos. É um dever que têm para com a população e é um
direito que lhes assiste enquanto cidadãos”, pontuou.
Sobre os desafios da gestão de recursos
públicos pelo país, Cassandra concorda que “continuamos a ser um país de mãos
estendidas e quem nos dá precisa saber como é que estamos a gerir. Ainda somos
um país com muita gente a viver no limiar da pobreza pela má gestão dos recursos
que são colocados a nossa disposição, e isso descredibiliza o nosso país e nos
coloca numa posição difícil na captação de recursos externos”.
Esta acção foi organizada no âmbito dos
projectos Mais Participação, Mais Cidadania e Sociedade Civil pela
Transparência e Integridade, com o apoio da União Europeia e da Cooperação Portuguesa.
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