terça-feira, 15 de dezembro de 2015

Mé-Zóchi acolhe seminário sobre participação da sociedade civil no desenvolvimento local


Cerca de 30 pessoas, entre autarcas, líderes comunitários, membros das organizações da sociedade civil organizada, reuniram-se na Sala de reuniões da Câmara Distrital de Mé-Zóchi, no dia 11 de Dezembro, pelas 14h00, para participarem num seminário sobre o desenvolvimento local e a participação das organizações da sociedade civil organizada.

Falta de articulação entre o poder local e os residentes continua a ser um dos maiores entraves à resolução de muitos problemas, segundo os presentes. “A camara não conhece as organizações da sociedade civil do distrito. Há organizações com alguma capacidade para ajudar a Câmara a resolver alguns problemas cá no distrito, mas não há essa articulação”, reclamou José Ramos, residente em Santa Luzia – Milagrosa.

Edvaldo da Graça, Presidente da Associação dos Jovens de Milagrosa, vai mais longe e conta um episódio que aconteceu na sua comunidade. Edvaldo reclama que “nós, em Milagrosa, tínhamos o problema da falta de água. Falamos com a Câmara que se disponibilizou para nos ajudar a resolver. Só que depois a Câmara foi para a comunidade medir o espaço sem falar com ninguém. Depois levou materiais mas não informou ninguém. A Câmara fez tudo sem as pessoas, não nos envolveu nos trabalhos quando estávamos disponíveis para colaborar”.

Uma das coisas que têm fragilizado a força da sociedade civil em São Tomé e Príncipe é excessiva partidarização. “Quando temos que nos unir para pressionar o poder local na resolução de alguns problemas, há pessoas que não participam porque o seu partido está no poder. Recebi aqui alguns conhecimentos que nos vão ajudar a organizar melhor a nossa comunidade para resolver os nossos problemas”, disse Salvador Miranda, representante da comunidade de Monte Café. 

Alda Bandeira, professora universitária, que vem dinamizando este seminário por todos os distritos, insiste na organização da comunidade como uma estratégia para levar as suas preocupações ao poder local. “As organizações da sociedade civil em São Tomé e Príncipe ainda não atingiram o patamar desejado que lhes permite ter condições de participar e influenciar as tomadas de decisões. Uma sociedade civil, quando organizada, obriga o poder local a lhe dar atenção. A capacidade de união e de mobilização interna é que fortalece as organizações”, concluiu.

Júlio d'Apresentação, Vereador da Câmara de Mé-Zóchi
A Câmara de Mé-Zóchi fez-se representar por três Vereadores. Depois de ouvir as preocupações e as reclamações das pessoas, Júlio d’Apresentação, Vereador do Pelouro da Juventude, apela a que as comunidades se organizem e fala das dificuldades da Câmara em atender todos os problemas. “Nós temos grandes constrangimentos na resolução de todos os problemas do distrito. É preciso priorizar. Nós, a Câmara, temos muitas dificuldades de estabelecer prioridades, porque as comunidades não estão organizadas. O orçamento que fizemos não nos foi disponibilizado nem metade. Fizemos um orçamento de cerca de 40 mil milhões de dobras, mas o Governo só nos deu 5 mil milhões. Não conseguimos fazer tudo. É preciso estabelecer prioridades num contexto onde as necessidades estão em todo lado”.

Esta acção surge no quadro do projecto Sociedade Civil pelo Desenvolvimento, uma iniciativa conjunta da FONG e ACEP, e está a percorrer todos os distritos do país. 

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