segunda-feira, 8 de junho de 2015

Campanha “Mais informação, Mais participação, Melhor desenvolvimento” chega à Região Autónoma do Príncipe

Da esquerda para direita: Nicolau Lavres, Director Regional
da Cultura, José Menezes, Director Regional dos Assuntos
Sociais, e Jorge de Carvalho, Pres. FONG-STP
A Ilha do Príncipe acolheu na passada quinta-feira, 4 de Junho, no Centro Cultural de Príncipe, pelas 15h00, um debate sobre o acesso à informação e a participação dos cidadãos no desenvolvimento regional. Num debate de uma hora e meia, ficaram espelhados os principais desafios da população de Príncipe no que concerne ao acesso à informação e à participação. Quase três dezenas de pessoas presentes, entre deputados à Assembleia Regional, sociedade civil, representantes do Governo Regional e dos partidos políticos, representantes do Exército e da Polícia, desafiaram o Governo Regional a fazer referendo popular antes de tomar determinadas decisões.

A representante da Associação das Mulheres de Príncipe, Ana Afonso, encorajou o Governo a estar mais próximo da sociedade civil e lamentou a confusão entre partidos políticos e ONG, afirmando que “se uma pessoa de um partido da oposição aparecer numa ONG, essa ONG é marginalizada pelo Governo e, assim, não poderá contribuir com as suas acções para o bem de todos”.

Para o Presidente da ONG ARPA, Daniel Ramos, os governantes deviam aproveitar as dinâmicas das ONG para impulsionar o
Daniel Ramos, Pres. ONG ARPA
desenvolvimento. “
Enquanto ONG, somos parceiros do Governo e devemos participar mais. O Governo deve ter a consciência de transferir para nós as atribuições que sozinho é mais difícil atingir. Somos o complemento da governação e todos juntos vamos encontrar a solução para os nossos problemas”. Daniel Ramos que também falou sobre o acesso à informação, criticou o desinteresse dos meios de comunicação social públicos em fazerem cobertura das actividades da sociedade civil.

A Rádio Regional de Príncipe tem um programa radiofónico interactivo, Voz do Cidadão, onde as pessoas expõem os problemas dos seus bairros e em directo os governantes respondem. Para a representante da ONG Kwá Yé, Celeste Pereira, “não recebemos respostas como deve ser. Os políticos dão respostas de maneira apressada porque não gostam de dar informações, e muitas vezes não percebemos nada”.

A deputada à Assembleia Regional, Graça Lavres, denunciou que a “Rádio Regional de Príncipe não passa informações que a população precisa saber porque os que lá trabalham estão condicionados e aquilo que devem passar é ditado”. Diz ainda que os governantes estão pouco abertos e transparentes. Avançou que “quem gere o país é o poder político, e os políticos é que devem passar as informações sobre a gestão do país. E o que os políticos menos gostam de dar são informações”.

A disponibilização da informação pública é um problema sério em São Tomé e Príncipe, segundo o membro da ONG ARPA, Alfredo Delgado. “Criou-se o GRIP [Gabinete de Registo de Informações Públicas] mas não se sabe nada sobre petróleo. Dizem que entra muito dinheiro de petróleo, mas não se sabe onde está e o que está a ser feito com ele”, reclamou. Alfredo Delgado indignou-se dizendo que o povo precisa de informações reais sobre o país, mas os meios de comunicação social públicos não fornecem, porque estão comprometidos. Delgado foi mais longe e confirmou que “o bem do povo é do povo, e por isso o povo tem que se saber o que é feito com ele. Quem gere o dinheiro do povo é indicado pelo povo, então tem que prestar contas para que o povo tenha conhecimento sobre a gestão dos seus bens. Nós, o povo, contribuímos para o Estado comprar carros, computadores, combustível, telefones, salários, etc, para assim darmos as condições de trabalho, então queremos a conta”.

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