sexta-feira, 12 de junho de 2015

Cantagalo acolheu um debate sobre o acesso à informação e a participação dos cidadãos no processo do desenvolvimento

Da esquerda para direita: Pe. João Nazaré, Marcelino Santos,
Director da Escola Básica de Santana, e Orlando Sousa, Pres.
da Assembleia Distrital de Cantagalo
A sociedade civil organizada do distrito de Cantagalo, membros do Poder Local e professores reuniram-se na passada quinta-feira, 11 de Junho, na Biblioteca Distrital de Cantagalo, pelas 15h00, para reflectirem sobre o impacto que a informação tem na tomada de decisão. Num debate muito participativo, chegou-se a conclusão que o acesso à informação é uma condição fulcral para que os cidadãos participem na definição de políticas e na tomada de decisão.  Durante duas horas, os cerca de 30 participantes puderam levantar as principais questões sobre o acesso à informação e assumiram o desafio de buscar e conhecer mecanismos e procedimentos que facilitem esse acesso.

Os políticos têm o dever de ouvir a população antes de tomar uma decisão que tem repercussão nas vidas das pessoas. É uma opinião de Marcelino Santos, responsável da Biblioteca Distrital de Cantagalo, que acredita que “o que a FONG está a fazer é especial, pois este debate é um momento de reflexão sobre os nossos reais problemas e todos temos o dever de buscar uma solução. Para isso temos que ser informados com clareza e coerência. Quando a informação não chega com clareza, muitas vezes, estamos a ser desinformados”, concluiu desafiando os presentes a levarem essa reflexão para as suas comunidades.

Os meios de comunicação social desempenham um papel extremamente importante no acesso à informação. Segundo Gilson Leite, Pres. da Associação dos Jovens Unidos Rumo ao Trabalho, em São Tomé e Príncipe, a Televisão Santomense e a Rádio Nacional não estão a ter esse importante papel. “Quando assistimos o Telejornal na TVS e pensamos que estamos a ter acesso à informação real e isenta, estamos a nos enganar. Todas as informações são politizadas, manipuladas e muitas delas ocultas para proteger a imagem e a reputação dos políticos. Seja qual for o partido no poder, manipula a comunicação social pública à sua maneira, todos os partidos, sem excepção”.

Carlos de Pina, Director da Escola Básica de Santana
O Director da Escola Básica de Santana, Carlos de Pina, acredita numa governação mais eficaz se todas as Câmaras Distritais reunirem com os líderes associativos e comunitários com alguma frequência. “Depois das eleições, o poder local dever entrar em contacto com as pessoas, sem exclusão pela cor partidária, raça, género, religião … porque ele vai trabalhar para elas. Todas as opiniões são válidas e toda gente deve ser ouvida. Depois das urnas, vamos esquecer os nossos partidos e caminharmos rumo ao desenvolvimento”. Pina lamentou o facto de muitos cidadãos serem vítimas de exclusão pela sua cor partidária e apelou a que as pessoas participem mesmo que os seus partidos não estejam no poder.
Em São Tomé e Príncipe, muitas decisões são tomadas sem antes ouvir o povo. É uma preocupação de Manuel Vicente, Pres. da Cooperativa de Cacau de Qualidade, que disse que “muitas obras feitas nas comunidades estão sem utilidade, e por isso são destruídas pela própria comunidade”. Manuel Vicente afirmou que o nosso sistema eleitoral não permite que as pessoas tenham informações necessárias antes de votarem. “Nós elegemos quem não conhecemos (Deputados, Pres. de Câmara, Vereadores, etc), porque não temos informações. Votamos a pensar que escolhemos uma pessoa, mas quando se toma posse, é outra pessoa”. Outro aspecto que suscita dúvidas é o dossiê petróleo por não informar a população com clareza, segundo Vicente. “Eu participei num ateliê onde apresentaram as despesas com o dinheiro de petróleo. Fiquei a saber que o Jardim de Infância aqui ao lado foi construído com o dinheiro de petróleo, mas aqui em Cantagalo ninguém sabe disso”.

O próximo debate vai ser na cidade de Neves a 18 de Junho, pelas 15h00, no Centro Paroquial de Neves.

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