quinta-feira, 13 de junho de 2024

Crianças vulneráveis clamam por mais atenção das autoridades

As crianças têm o direito de viver e crescer num ambiente familiar que proporcione apoio. O carinho e o estímulo são componentes críticas do desenvolvimento e crescimento saudável de uma criança. Metade das crianças vive em agregados familiares com ambos os pais biológicos e 42% têm pelo menos um dos pais a viver no estrangeiro ou noutra parte do país. Apesar destes indicadores muitas crianças ainda vivem em condições precárias e são acolhidas em lares e casas de acolhimento para crianças e jovens.A Fundação Novo Futuro acolhe no momento 18 crianças dos 3 aos 16 anos de idade. Katya Calege e Fátima Gomes, lidam diariamente com estes meninos que além de necessidades básicas clamam por afecto.

“ Estamos com muitas crianças que foram abandonadas pelos pais, outras que os pais não têm condições para cuidar. Os meninos vivem directamente aqui. Eles ficam a deriva e cabe a nós damos o suporte. Além de tudo proporcionamos também educação de qualidade para os nossos meninos”, disse Katya Calege



Além da falta de água corrente na Fundação situada em Budo-budo, os meninos carecem de “roupas, géneros alimentícios, porque o que conseguimos não é suficiente. Tem que haver um assumir por parte das autoridades para nos apoiar também. Nós fazemos muito e sozinhos não conseguimos dar a estas crianças vulneráveis o que precisam”, concluiu Fátima Gomes

A associação para reinserção de crianças abandonadas e em situação de risco-ARCAR, tem um centro de acolhimento em Mesquita que alberga no momento 50 rapazes dos 4 aos 17 anos.

“ Os meninos vivem aqui e quando atingem a maioridade voltam para casa dos familiares, ou vão para outros locais escolhidos por nós para que não se percam. Aqui eles estudam, fazem todo o percurso deles e temos aulas de apoio também”, explicou Balbina Trindade, responsável de ARCAR




A instituição tem parceria com a cooperação portuguesa e o governo, mas este último pouco ou nada tem feito para ajudar.

“O apoio de governo tem sido muito fraco. Se não fosse a cooperação portuguesa não estaríamos a existir mais. Governo fica muito tempo sem nos dar apoio e quando o faz é uma coisa irrisória e daí que temos de racionalizar a alimentação dos meninos. Nós fazemos o papel do governo. Para manter isso diariamente não é fácil e o governo precisa nos ajudar”, disse Trindade

Além disso, têm centro socioeducativo em Mulundo e Bairro da Liberdade “com cerca de 80 crianças que damos educação, alimentação e ficam lá até as 17 h. É muito complicado quando não tempo apoios suficientes”, rematou Balbina Trindade

“ Lutar por famílias mais estruturadas, combate ao abandono escolar e luta pelos direitos das crianças “ são as prioridades da Fundação da Criança e da Juventude. A ONG trabalha com crianças vulneráveis, mas “com muito talento e podem ir longe, se tiverem oportunidades. Por isso, o nosso foco é dar-lhes educação. Trabalhamos durante o dia, os meninos depois de regressarem da escola, temos aulas de apoio, actividade extracurricular e não só. Depois regressam as suas casas. Fazemos também acompanhamento das crianças para percebermos se estão a passar por alguma situação de violência ou maus tratos”, avançou Inês Fernandes, voluntária da instituição




Com apoio de alguns parceiros têm conseguido realizar as suas acções.

“ Através do projecto RIZOMA temos conseguimos fazer com que as crianças mostrem o seu potencial. Fazemos campanhas de sensibilização sobre os direitos e ambiente. Temos uma parceria com cerca de 7 ministérios e tentamos trabalhar em conjunto para o combate ao abandono escolar e a proteção dos menores. Não é uma tarefa fácil”, frisou Inês Fernandes

Assim como as instituições em cima referidas, existem no país várias outras caritativas e sociais que preocupam com as crianças vulneráveis e as acolhe. A Casa dos Pequeninos em Obôlongo, gerido pela Cáritas é outro exemplo. Acolhe mais de 20 crianças abandonadas, inclusive tem bebés neste momento.

A protecção e desenvolvimento da criança deve ser um compromisso nacional.

Dedier dos Santos, director do Gabinete de Estudo, Planeamento e Coordenação de Parceria do Ministério do Trabalho e da Solidariedade avançou que o governo nem sempre tem condições para dar o apoio que as instituições precisam.

“O governo não consegue abraçar tudo. Por isso, temos estas casas de acolhimento como parceiros. Algumas destas casas de acolhimento têm apoios da cooperação portuguesa através do nosso ministério. Nós temos que apoiar mas nem sempre conseguimos“, disse

O Director do gabinete de estudo, planeamento e coordenação de parceria do ministério do trabalho e da solidariedade frisou ainda que é preciso que haja pessoas também capazes de adoptar as crianças “existentes nestes lares para que haja espaço e oportunidade para outras crianças que necessitam ser acolhidas. Temos facultado o ingresso de muitos meninos de ARCAR por exemplo a universidades, enfim. As crianças não entram nos projectos para ficarem lá para sempre. Têm de sair e ser acolhidas para dar possibilidade a outras que também precisam. Governo tem tido alguma dificuldade, mas estamos a fazer mediante as possibilidades do país”, rematou

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