sexta-feira, 29 de maio de 2015

Caué acolhe segundo debate da campanha Mais informação, Mais Participação, Melhor desenvolvimento

Depois de Água Grande, a FONG-STP levou o debate sobre o acesso à informação e a participação dos santomenses no processo de desenvolvimento ao distrito de Caué, no sul do país. Mais de 3 dezenas de pessoas, entre a sociedade civil e o poder local, reuniram-se ontem, quinta-feira, 28 de Maio, no Centro Paroquial de Angolares, pelas 15h00, para assistirem um filme sobre a info-exclusão e outro sobre o papel que a Rádio Yógó (Rádio Comunitária de Porto Alegre) está a ter no sul, unindo as comunidades de Porto Alegre, Malanza e Ponta Baleia, e para falarem sobre a situação actual do país no que diz respeito à participação e ao acesso à informação.
Da esquerda para direita: Celso Garrido, Conselho Directivo
da FONG-STP, Américo Pinto, Pres. da Câmara Distrital de
Caué, e Nelito Pereira, Delegado Distrital da Educação
Os presentes reclamaram a presença da TVS, única estação televisiva do país, num evento de extrema importância, afirmando que isto constitui um dos motivos pelos quais Caué se encontra isolado. “Nós quando convidamos a TVS a vir a Caué fazer a cobertura de uma actividade, eles dizem que é muito longe”, disse indignada a deputada à Assembleia Nacional, Beatriz Azevedo. A deputada falou sobre a fraca participação das pessoas no seu distrito e apelou a um maior envolvimento das mulheres nos assuntos públicos. “É triste que com o passar do tempo, as mulheres não se consciencializaram ainda que devem participar. Se não nos unirmos numa só voz, nem vale a pena falar no desenvolvimento” disse a deputada depois de notar que só estava na sala mais uma senhora. Lamenta a fraca participação das mulheres que, segundo Beatriz, é notável na Assembleia Nacional. Conta que “uma deputada tinha sido indicada para participar numa conferência internacional sobre género. Na impossibilidade de participar, a Assembleia Nacional indicou o nome de um deputado devido à fraca participação das mulheres no Parlamento. A organização do evento devolveu a nota de substituição, dizendo que de onde sai uma mulher, deve entrar uma mulher”. 

O Delegado Distrital de Educação, Nelito Pereira, afirma que “temos sérios problemas de acesso à informação por causa da energia que não temos regularmente. A rádio é outro problema. Às vezes, as pessoas têm de atar arame à antena para sintonizar melhor, porque a cobertura é muito fraca ao nível do distrito”. Nelito faz uma comparação entre os desafios dos tempos já idos e os de hoje, assegurando que “se na Idade Média os homens ganhavam a batalha por ter cavalos, hoje só se vence a batalha com informação”, concluiu.

Silvino Leitão, um dos participantes no evento, parabeniza a FONG-STP porque “este exercício fomenta o espírito participativo. Cidadãos informados podem organizar-se e vice-versa. Se tivermos acesso à informação, podemos contribuir”.

Para o vereador da Câmara Distrital de Caué, Leopoldo Espírito Santo, “um homem informado não é dominado nem enganado. É por isso que os nossos governantes não investem na informação para a formação das pessoas. Os residentes neste distrito correm o risco de não verem a televisão durante a gravana [verão], porque o retransmissor de Caué depende do painel solar e durante a gravana não há sol suficiente para acumular energia”.

O Presidente da Câmara Distrital de Caué, Américo Pinto, que teceu as últimas considerações para o encerramento do evento, acredita que “a informação é um importante pilar do desenvolvimento, pois permite a participação. Todos temos direito a participar. É um direito consagrado na Constituição, mas sem o acesso à informação isso não é possível. O desenvolvimento deste país está encravado porque os dirigentes não informaram com verdade o povo santomense para a sua formação, para assim ajudar os próprios governantes a resolverem os problemas do país”.

A título de informação aos presentes, Américo Pinto disse que vai reunir, brevemente, todos os líderes associativos e comunitários do distrito para apresentar o orçamento camarário de 2015 e o que se vai fazer com o dinheiro.

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