sexta-feira, 30 de agosto de 2019

Rede da Sociedade Civil para a Boa Governação capacitada em monitoria de Ajuda Pública ao Desenvolvimento

Cerca de 10 membros da Rede da Sociedade Civil para a Boa Governação foram capacitados em Monitoria da Ajuda Pública ao Desenvolvimento no final de Agosto. O ateliê de 5 dias permitiu aos participantes compreenderem a importância da Monitoria da Ajuda Pública ao Desenvolvimento (APD) e o papel da Rede da Sociedade Civil para a Boa Governação na monitoria da cooperação para o desenvolvimento. 

 A Ajuda Pública ao Desenvolvimento consiste na assistência técnica e financeira aos programas e projectos dos países em de desenvolvimento. Essa assistência é feita pelos organismos públicos ou privados com o objectivo de promover indicadores de desenvolvimento e direitos humanos no país a que os apoios se destinam. 

A acção de capacitação de cinco dias teve lugar em Agosto, e contou com a dinamização de dois técnicos nacionais, Wilson Bragança e Geisel Meneses. 

Sobre a formação, Wilson Bragança afirma que “teve o objectivo de capacitar a Rede da Sociedade Civil e a própria FONG em matéria de monitoria e avaliação da Ajuda Pública ao Desenvolvimento”. 

Wilson Bragança, que foi num passado recente Director Geral do Plano no Ministério das Finanças, explica porque é necessário fazer acompanhamento das ajudas. “A ajuda é prestada com o objectivo de países receptores implementarem os seus programas para a melhoria das condições de vida das pessoas. Nesse contexto, é necessário saber se essas ajudas estão a cumprir os objectivos que justificam a sua existência. Daí que a monitoria é necessária para esse acompanhamento, mas para isso a sociedade civil deve estar capacitada”, concluiu. 

Com os conhecimentos adquiridos, a Rede da Sociedade Civil para a Boa Governação vai produzir um relatório sobre a Ajuda Pública ao Desenvolvimento. Trata-se de segundo exercício neste domínio, e desta vez aos sectores sociais, em que a sociedade civil pretende perceber as entradas dos fluxos financeiros, quais os parceiros bilaterais e multilaterais que contribuem, os sectores afectos e as condições de execução dos apoios que chegam ao país. 

A Rede da Sociedade Civil para a Boa Governação é uma estrutura da sociedade civil dinamizada pela Federação das ONG para realizar actividades de monitoria de políticas públicas, advocacia e influência política com vista a melhorar a governação, a transparência e a prestação de contas em São Tomé e Príncipe.

sexta-feira, 9 de agosto de 2019

"A PRINCIPAL CAUSA DO TRABALHO INFANTIL É A DETERIORAÇÃO DA SITUAÇÃO ECONÓMICA DA SOCIEDADE E DAS FAMÍLIAS”

O Inspector Geral do Trabalho, Tiny dos Ramos, fala da situação do trabalho infantil em São Tomé e Príncipe e aponta pistas para maior eficácia na luta contra essa realidade no país. Fala também do papel das famílias e da sociedade civil organizada na luta contra o trabalho infantil e explica as principais dificuldades nessa batalha que deve contar com os diferentes actores da sociedade.

Sociedade Civil STP: O que é trabalho infantil?

Tiny dos Ramos: Para aquilo que vem definido em documentos legais, estamos a falar de certas acções ou práticas que envolvem uma criança que é individuo com menos de 18 anos. São actividades com benefícios económicos realizadas por um menor, não cumprindo os requisitos salvaguardados nas leis. 

SCSTP: Há trabalho infantil em São Tomé e Príncipe? 

TR: Sim. De uma maneira geral, podemos dizer que sim. Mas é um trabalho infantil que eu não me atreveria a falar de forma abusiva da sua existência com cifras, mas seria pecado dizer que não há trabalho infantil no país e está sobretudo no sector informal como a agricultura. 

SCSTP: Quais são as piores formas de trabalho infantil no nosso país? 

TR: O trabalho infantil está na agricultura, mas também na prostituição. São questões que não podemos definir com propriedade dada a transversalidade do problema. Não é uma situação excepcional. Por exemplo, dada a informalidade no sector agrícola, há pouco acompanhamento. Nos sectores onde há poucos mecanismos de controlo, vemos anomalias e situações constrangedoras para as crianças e o bem-estar da própria sociedade, pois põem em causa o desenvolvimento do país. 

SCSTP: Porque motivo há trabalho infantil no país? 

TR: Podemos inicialmente apontar a deterioração da situação económica com grande impacto no desenvolvimento social do país. Esta é a linha de base. Na medida em que a situação económica das famílias vai-se degradando, vão surgindo novas práticas e desafios para essas mesmas famílias. Como a célula principal da sociedade, a família estando exposta, esses efeitos negativos têm impactos maiores nas crianças. 

SCSTP: Qual é a proposta da Inspecção de Trabalho para reverter a situação?