quinta-feira, 26 de novembro de 2020

“Juntos somos Poucos. É preciso que a FONG puxe mais pelas ONGs da Ilha do Príncipe”




Palavras do Presidente do Governo Regional durante o encontro que manteve esta segunda-feira, 23, com a equipa dos projectos Mais Participação, Mais Cidadania e Sociedade Civil pela Transparência e Integridade, que se encontram na região no âmbito da segunda Quinzena da Cidadania que decorre no país até dia 30.

Durante a audiência, os membros da equipa falaram um pouco sobre as actividades do projecto, da segunda Quinzena da Cidadania e o porquê da sua realização também na região Autónoma.

No uso da palavra o presidente do Governo Regional enalteceu o trabalho que a FONG-STP está a desenvolver no país. Filipe Nascimento disse que “juntos somos poucos. Por isso, é preciso que a FONG-STP puxe mais pelas ONGs da Ilha do Príncipe para que possamos melhorar os mecanismos de participação no país. E nós estamos disponíveis em apoiar. Quero-vos parabenizar pelo trabalho que têm feito e dizer que as Organizações da Sociedade Civil têm mais aceitação que os políticos.Vos encorajo a continuar e digo claramente que nós queremos fazer parte deste trabalho”, disse Filipe Nascimento.


A necessidade do Estado responder mais rapidamente à justiça na ilha do Príncipe, a falta de mais espaços de diálogo e participação das ONGs, campanhas de advocacia levadas a cabo pela Federação das Organizações Não Governamentais com o apoio dos seus parceiros e a monitoria aos orçamentos foram alguns dos assuntos aflorados neste encontro.

Cândido Rodrigues, presidente da FONG-STP, no balanço desta audiência com o presidente do Governo Regional sublinhou que o encontro foi “muito gratificante, pois colocamos o senhor presidente a par das nossas actividades, mas antes decidimos felicitá-lo pelo posto que ocupa agora. Falámos também das actividades em volta da Quinzena da Cidadania que vamos realizar também aqui na ilha. Ficámos satisfeitos também pelo facto do presidente do Governo Regional reconhecer esta nossa batalha que é lutar para melhorar o desempenho da cidadania ao nível de São Tomé e Príncipe. Fomos bem recebidos, foi uma conversa aberta, participativa e por isso, saímos muito satisfeitos.”

Em relação ao desafio lançado por Filipe Nascimento, o presidente da FONG-STP disse que “é uma mais-valia e por isso, a FONG estará comprometida com este desafio. Pois hoje se nós olharmos para o leque das nossas ONGs há poucas que são oriundas da ilha do Príncipe. E mesmo as poucas que existem quase todas estão adormecidas. Daí que há que juntar o útil ao agradável, todos juntos para que possamos reactivá-las e criar outras para melhorar a participação cívica contribuindo para o desenvolvimento da região e do país todo”.

Além deste encontro, a equipa realizou um seminário sobre “Os desafios da Participação Cívica e Política no Contexto Regional”, que teve como orador o presidente do Governo Regional, Filipe Nascimento, e onde foi apresentado o estudo sobre “Participação Política Económica e Social das mulheres São-tomenses”, bem como uma campanha cívica sobre abuso sexual dos menores.

sexta-feira, 20 de novembro de 2020

Quinzena da Cidadania chega a Lembá para um dia dedicado aos direitos das crianças e jovens


O Salão Paroquial de Neves foi palco de um workshop subordinado ao tema “Crianças e jovens em situação de fragilidade antes e pós Covid”. Nesta actividade promovida no âmbito da Quinzena da Cidadania, tomaram parte cinquenta crianças e jovens de quinto e nono anos, professores e o poder local. O palco serviu para se debater a problemática da Covid-19 bem como as diversas formas de violência contra as crianças e jovens.

A procuradora do Ministério Público, Vera Cravid, através de linguagens simples e terra a terra, começou por explicar aos participantes a importância de se usar a máscara e se proteger da pandemia para depois introduzir questões ligadas aos abusos sexuais e maus tratos. “Não são os outros que vão nos salvar, nós é que temos de nos salvar. Se a mãe comprou máscara para mim então eu vou usá-la em todos os lados. Além disso, é preciso lavar sempre as mãos. Vocês precisam saber também que as crianças devem ajudar os pais em casa, mas não fazer trabalhos forçados como ir apanhar búzio sozinho desde manhã até a noite. Além disso, quero vos alertar para o abuso sexual. Vocês não podem deixar ninguém vos tocar, não devem receber nada na mão de pessoas estranhas. Não andem à frente do motoqueiro, sentem-se da parte de trás porque não se sabe quem é quem. E quando vocês forem abusados devem contar os pais, não podem sentir vergonha. E se for alguém familiar por favor conversem com o professor ou professora para se denunciar e resolver a situação”.

Vera Cravid
A oradora Vera Cravid disse ainda que a experiência com as crianças foi gratificante, pois foi possível “perceber que os participantes têm conhecimentos sobre Covid-19, têm noção que devem se proteger, que é o fundamental. É de salutar esse trabalho feito nas escolas, em casa pelos encarregados da educação que souberam transmitir estes ensinamentos aos meninos aqui do distrito de Lembá. Todas as crianças tinham máscaras, apesar de algumas terem dificuldades em ficar com ela mas aconselhamos e tudo se resolveu. Eu espero também que levem as informações aos pais, nós ainda estamos no estado de calamidade por isso é necessário que as pessoas se protejam e encarem a situação com seriedade e realidade”.

Os participantes aplaudiram a iniciativa e mostraram o que aprenderam:

“eu aprendi que é obrigatório usar máscara para não pegar a doença. A senhora falou também que não podemos autorizar pessoas a pegarem nosso corpo porque não sabemos quem é abusador”, disse Márcia Luís.

Joel da Fonseca aluno da nona classe disse que é importante “todos usarem a máscara para o bem do país. Aprendi também que não devemos receber coisas nas mãos de pessoas estranhas e também se alguém tocar o nosso corpo sem nossa autorização temos de queixar”, referiu.

Além de workshop a actividade em Lembá, o evento contemplou ainda a apresentação de um jogral sobre abuso sexual de menores promovido pelas crianças das fundações Novo Futuro e da Criança e Juventude.

“Para a fundação todas as actividades realizadas com crianças e para as crianças são muito importantes, porque é uma forma de nós transmitirmos os nossos conhecimentos e verificarmos aquilo que elas sentem para podermos actuar. Elas são crianças localizadas por pessoas ou instituição e nós fazemos o acompanhamento até as recebermos na fundação ou damos apoio se for o caso. Colhemos sempre algo com actividades desta natureza. Aqui por exemplo, vimos que é necessário se fazer mais trabalhos com os mais novos, porque o número de crianças que encontramos é incrível e elas estão motivadas por actividades desta natureza. Isso mostra que estão dispostas a aprender algo novo apesar de sentirem o isolamento,” explicou Dulce Gomes, presidente da Fundação Novo Futuro.


O vereador para a área social da autarquia de Lembá realçou na sua intervenção que toda a esperança em mudança do paradigma actual do distrito está depositada nas crianças e adolescentes.“É com estas crianças que vamos preparar um futuro melhor, vamos preparar a verdadeira mudança de mentalidade, uma cultura moderna para o distrito de Lembá. Capacidade económica somente não basta, é preciso a capacidade humana, ter uma riqueza da massa cinzenta”.



“História de Alguns de Nós” é uma exposição itinerante que esteve patente durante toda a actividade. São histórias contadas na primeira pessoa por várias crianças como o Abílio, um rapaz curioso que foi para a Fundação Novo Futuro com 11 anos e agora encontra-se na Universidade de Braga a concluir os seus estudos. Podemos ver também a história de vida da Marlena que vivia em Lucumi e foi para a Fundação à procura de melhores condições de vida. Das histórias retratadas nesta exposição, a história de Patrick, um menino vítima de abusos físicos é a mais fascinante. Narra a luta, a persistência e a esperança em dias melhores deste menino de 15 anos.

quinta-feira, 19 de novembro de 2020

É preciso introduzir no currículo escolar a “Educação para valores e cidadania a todos os níveis"


Palavras do deputado da coligação PCD-MDFM-UDD, Arlindo Carvalho, na cerimónia de lançamento do Estudo Diagnóstico sobre as Condições de Monitoria da Governação Jurídica e Política em São Tomé e Príncipe e o relatório sobre o Processo Orçamental a nível Central e Local em São Tomé e Príncipe. Um evento promovido no âmbito da segunda Quinzena da Cidadania que decorre no país.

Da esquerda para direita: Carla Neves e Kótia
Meneses, Waldyner Boa Morte e Daniel Ramos
O relatório sobre o Processo Orçamental a nível Central e Local em São Tomé e Príncipe apresentado espelha as várias fases do processo orçamental no país. Ou seja este manual explica com “ uma linguagem simples e de fácil compreensão aquilo que é o Orçamento Geral de Estado para a sociedade civil, para qualquer um que queira saber mais sobre este documento. Este relatório retalha as fases todas deste processo e como cada actor tem a sua participação. Podemos ver também nele como foi a execução orçamental em 2019 sobretudo como o governo aplicou as verbas para os diferentes distritos, quais os sectores em que as verbas foram canalizadas” explicou Waldyner Boa Morte, autor do relatório.

A criação de condições e adopção de políticas públicas que facilitem uma maior participação dos cidadãos na elaboração e execução do OGE , maior divulgação deste instrumento, maior participação e envolvimento da sociedade civil em diferentes etapas do processo orçamental e necessidade de se produzir no país um orçamento do Cidadão que é um instrumento de simples compreensão que facilita qualquer pessoa a tomar contacto com o que vem no OGE são algumas das recomendações saídas deste relatório.

Durante o debate, várias vozes se levantaram sobre a necessidade de haver maior divulgação das acções que realmente importam a população.

Deputado da coligação PCD-MDFM-UDD,
Arlindo Carvalho
 O deputado Arlindo Carvalho disse que os cidadãos não conhecem a realidade do país que pretendem transformar e as “ instituições não estão preparadas ou seja, não sei se estão preocupadas com os mecanismos que possam levar o cidadão comum desde o pré-escolar até os mais velhos a entenderem o que é São Tomé e Príncipe. Porque a partir do momento que esta compreensão for mais clara e mais transparente as pessoas estarão em condições de contribuir para entenderem tudo isto com transparência e poder participar. Espero que possamos usar as nossas influências para que ao nível da educação se possa alterar o currículo escolar e introduzir esta questão dos valores e cidadania nos currículos para a mudança de mentalidade. Penso que nós iremos trabalhar neste sentido”,disse o deputado Arlindo Carvalho.

“Também partilho a opinião de que as crianças têm que ter a noção daquilo que é o país. Quando chegamos o momento da discussão do OGE em que o ministro das finanças fala de São Tomé e Príncipe em números eu entro em pânico porque é um país que não tem como fazer face as suas despesas. E cidadão não sabe disto, nem sei se o cidadão está interessado em saber. O cidadão nem se preocupa com o filho que está na escola, quanto é que custa formar o filho desde a infância até que ele fique um doutor. É preciso fazer um trabalho de fundo. Todas estas informações apresentadas nos documentos devem ser do conhecimento do cidadão. Por exemplo os alunos universitários quando estão a fazer um trabalho de pesquisa vão as instituições mas não conseguem informações porque os serviços não dão. Mas não dão porquê? Muitas vezes a execução Orçamental está abaixo de 50% porquê? Porque muitas vezes o país quando elabora o orçamento tem lá fundos que nem sequer existe , que está com a mão estendida a espera que o parceiro lhe mande e o fundo não chega. É preciso levar estes estudos e disseminar nas escolas, comunidades e outros palcos de forma a mudar a mentalidade”, defendeu o deputado Raúl Cardoso

“Nós vimos aqui no relatório estas acções de participação do cidadão no processo orçamental mas sabemos que não passam de acções de divulgação de advocacia mas que na prática o cidadão não tem acesso ao processo da feitura do orçamento, como por exemplo o orçamento de género que é uma temática que estamos a discutir bastante. Como é que com essa falta de informação que nós temos como os cidadãos e os serviços fechando como fecham , como vamos equilibrar a participação efectiva do cidadão?”, questionou Célia Posser

“É uma actividade importante porque os documentos apresentados explicam ao meu ver o que a sociedade civil pode fazer mais para o desenvolvimento de São Tomé e Príncipe. A FONG está a melhorar aquilo que é o trabalho da Quinzena. Está a haver mais divulgação de acordo a experiência anterior, para que a população e as autoridades possam contribuir e colaborar com a sociedade civil para o engrandecimento do país. As pessoas estão a participar mais. A organização está de parabéns também pela escolha dos documentos apresentados hoje, pois houve debate e troca de ideias sobre o orçamento e governação e é disto que precisamos. Espaços desta natureza devem ser criados mais vezes” sublinhou Emídio Pereira

O evento foi também palco para a apresentação do estudo Diagnóstico sobre as Condições de Monitoria da Governação Jurídica e Política em São Tomé e Príncipe. O documento tentou “ trazer a luz a questão da necessidade de maior envolvimento da sociedade civil em todo ciclo da análise das políticas públicas. O que constatamos é que existe uma intervenção tardia por parte da sociedade civil. A Sociedade civil é chamada a participar já numa fase final e muito poco pode fazer em relação a melhoria de muitos documentos que comportam as políticas públicas. De ressaltar que estamos a falar de questões de interesse público como a integridade pública, transparência, Boa Governação e corrupção. Um conjunto de elementos que incorporam aquilo que se entende como uma política pública eficaz. Aproveitamos para dar nota positiva aos promotores da quinzena. Pois é importante trazer estas questões para o conhecimento público”, disse Carla Neves em representação da Associação das Mulheres Juristas que elaborou o estudo.

Os documentos que foram apresentados nesta actividades resultam do trabalho em curso no projecto Sociedade Civil pela Transparência e Integridade. O grande objectivo deste projecto é promover a “ participação da sociedade civil na governação do país, ou seja, promover os valores de integridade e melhorar os mecanismos de luta contra a corrupção em São Tomé e Príncipe. O projecto também tem um grande objectivo que é o reforço de trabalho em rede das organizações da sociedade civil que se traduz na estratégia de articulação entre diferentes organizações da sociedade e os decisores de forma a marcar a sua posição enquanto sociedade civil que acompanha a governação no país” disse Alexandro Cardoso, coordenador do projecto.

Ainda no quadro da quinzena está previsto a realização de um debate televisivo sobre a “ governação participativa” e exibição de vídeo sobre “a monitoria da ajuda ao desenvolvimento”. Na próxima segunda-feira dia 23, a caravana estará na ilha do Príncipe para a divulgação da quinzena.

Abertura da conferência sobre “Cooperação em Tempos de Pandemia” sublinha papel da sociedade civil no processo de Desenvolvimento

Da esquerda para a direita: Adido para a Coop. da Embaixada de Portugal em STP - António Machado
Ministro dos Assuntos Parlamentares, Reforma do Estado e Descentralização - Cilcio Santos
Presidente da Federação das ONG em STP - Cândido Rodrigues
A conferência pública A Cooperação em Tempos de Pandemia é uma das actividades mais importantes desta segunda edição da Quinzena da Cidadania. Trata-se de um espaço para debates francos, discussões e recolha de contributos com vista a melhorar a participação do cidadão e cidadã na vida política do país.

Na sua intervenção, o presidente da FONG-STP, Cândido Rodrigues, realçou o contributo que a Federação tem dado para o engrandecimento da participação e cidadania no país: “queremos com todas as nossas acções contribuir para o desenvolvimento de um Estado transparente, o que deve constituir um compromisso inadiável para todas as forças do quadrante político e social para que tenhamos um país próspero que não deixa ninguém para trás. A arte de gerir torna-se determinante para o sucesso ou fracasso de uma nação, num país que depende muito dos outros para o seu desenvolvimento. A gestão transparente dos recursos públicos e o fortalecimento da democracia são essenciais para caminharmos rumo ao futuro desejado”.

Por seu lado, o adido para a Cooperação da Embaixada de Portugal, António Machado, sublinhou que a Cooperação Portuguesa atribuiu uma grande importância ao contributo da sociedade civil para o desenvolvimento sustentável e a “FONG tem um papel importantíssimo nessa matéria, promovendo a cidadania e tendo já um lugar cativo no contexto nacional no que toca a monitorização orçamental e das políticas públicas e a promoção da boa governação. Quero aqui também expressar a excelente relação existente entre a FONG e a ACEP. Pois juntos têm conseguido desenvolver importantes iniciativas ao nível da sociedade civil e dos Direitos Humanos destinadas a melhorar os mecanismos da participação cívica e contribuir para a melhoria do processo democrático no país em domínios fundamentais para o desenvolvimento equitativo e sustentável”.


António Machado referiu ainda que a FONG, em parceria com a ACEP têm desenvolvido ainda vários projectos destinados a reforçar as competências técnicas das organizações da Sociedade Civil São-tomenses, apostando por isso na formação, no intercâmbio de experiências e no diálogo entre os diferentes actores de forma a reforçar o grau de intervenção da Sociedade Civil no processo de concepção,implementação e avaliação de políticas públicas”


A directora da ACEP, Fátima Proença, não pôde estar presente na abertura da conferência, tendo enviado uma mensagem lida por Dulce Gomes da Fundação Novo Futuro. Para Fátima Proença, " as ONGD internacionais continuam a ter um papel central no apoio aos seus parceiros locais com quem trabalham regularmente na defesa e monitoria dos direitos cívicos, sociais, económicos e culturais das populações. Só que a crise sanitária veio dificultar o acompanhamento presencial das actividades e projectos, acabando por reactivar um debate com décadas sobre a prática dominante na Cooperação para o Desenvolvimento: nesta relação quem é que tem o poder para liderar e controlar o desenho e implementação das actividades e projectos? De facto, se as parcerias construídas não permitirem que sejam os parceiros locais a assumir a liderança e controlo das actividades e projectos, bem como a resposta à crise, eles simplesmente param e as organizações locais são asfixiadas”.

Fátima Proença realçou também que a localização da cooperação tem marcado o trabalho da ACEP iniciado em 1997, procurando a construção, com os seus parceiros, de uma visão partilhada do caminho e dos processos, não limitada aos horizontes temporais de cada financiamento, sem pressa para mostrar resultados visíveis, favorecendo redes colaborativas e processos de intercâmbio, geradores de confiança. Para a ACEP, “esta localização da cooperação requer condições de diálogo permanente e sem prazo, condições de entreajuda, sem delegações/escritórios locais ou colocação de expatriados. Esta tem sido a base da experiência de trabalho com a FONG e outros parceiros santomenses, em cerca de uma década de cooperação: pensar e projectar em conjunto, procurar soluções e imaginar iniciativas, reforçar competências técnicas especializadas, garantindo durabilidade”.

A sessão de abertura ficou marcada também pela intervenção da Embaixadora da União Europeia para São Tomé e Príncipe e Gabão, Rosário Bento, que falou via Zoom a partir de Libreville. A diplomata da União Europeia afirmou que “durante estas duas semanas irão debater questões muito importantes para a União Europeia que são as diversas formas de participação e cidadania em São Tomé e Príncipe e também o papel da sociedade civil na monitoria das ajudas públicas. Desejo-vos boa sorte, pois esta iniciativa, este projecto está dentro do projecto financiado pela União Europeia que se estende até o final deste ano. Eu gostaria de realçar outras actividades que vão ser desenvolvidas e que são de extrema importância em particular neste tempo de pandemia. O papel das organizações da sociedade civil é muito importante na procura de melhores soluções que correspondam às necessidades políticas, económicas e sociais, ou seja, as ONGs precisam criar ou procurar reforços conjuntamente para em nome da justiça, da igualdade e da solidariedade influenciar as instituições e decisores a fazerem mais e melhor em defesa da população”.

O Ministro dos Assuntos Parlamentares e Descentralização Cílcio Santos que presidiu a cerimónia de abertura desta conferência disse que “esta conferência pública é uma das actividades mais importantes desta quinzena tendo em conta os debates e os documentos apresentados sobre a cooperação em tempos da pandemia. Esta questão é essencial, pois de forma inequívoca Covid-19 veio mostrar que nenhum país pode caminhar só, particularmente nosso São Tomé e Príncipe que releva várias fragilidades. Cilcio Santos sublinhou também que “neste quadro de trabalhos desenvolvidos pela FONG pode-se constar a solidariedade, o envolvimento de São Tomé e dos parceiros no combate ao Coronavírus. Auguro que durante esta actividade possamos recolher contributos que ajudarão o governo a trilhar o caminho na luta pela prevenção e combate a Covid-19”.

Esta Quinzena da Cidadania de 2020 contempla ainda uma série de actividades que vão desde palestras, workshops, debates televisivos e peças de teatro.

quarta-feira, 18 de novembro de 2020

"São Tomé e Príncipe tem que repensar sobre a dependência de apoio externo"


O segundo dia da Quinzena da Cidadania foi marcado pela conferência pública A Cooperação em Tempos de Pandemia, que reuniu na Universidade de STP a sociedade civil, decisores políticos, investigadores, jornalistas e outros membros da sociedade santomense. A sessão acolheu ainda a apresentação do Relatório de Monitoria da Ajuda ao Desenvolvimento nas áreas da Saúde, Educação e Protecção Social (ver aqui).

Numa altura em que o mundo é dominado pela Covid-19, a coordenadora Interina do Sistema das Nações Unidas em STP, Katarzyna Wawiernia, disse na sessão que está na altura para o país repensar a dependência face ao apoio externo: “É um momento de reflexão. O mundo é cruel e cada um tem que lutar pelo seu espaço. Precisamos de pessoas que acreditam, que lutam. Imaginem se voltarem a fechar a fronteira? Tudo é importado no país, não pode ser assim. Chegou o momento de mudança, de reflexão. O PNUD e outros organismos também têm o seu papel e vamos procurar formas de proporcionar mais espaços para a Sociedade Civil. Mas é preciso liderança em todos os vértices da sociedade. Não se pode esperar só pelo governo. A sociedade civil trabalha com as comunidades, por isso, tem o papel de motivá-las. Muitas soluções dos problemas deste país estão lá. Se o sector privado, as comunidades trabalharem e criarem empregos, deste jeito o governo terá monitoria séria. Encorajo mais acções por parte da Sociedade Civil de STP”, referiu.

A mudança tem também que acontecer na área da cooperação. É preciso pensar na cooperação como uma rede de múltiplas parcerias. E o governo desde o início da pandemia “tem trabalhado com os seus parceiros em busca de ajuda e soluções para combater a Covid-19. Prevê-se que a capacidade de acção e resposta das lideranças das potências nacionais e internacionais na gestão desta crise definirá a dimensão dos efeitos ao nível económico e social. A cooperação nos vários domínios é e será imprescindível quanto a monitorização de recursos financeiros e materiais através de relações bilaterais e multilaterais com os parceiros já identificados e prevê-se novas parcerias”, sublinhou Abigail Tiny Cosme terceira secretária do Ministério dos Negócios Estrangeiros.

António Machado, adido da Cooperação Portuguesa em São Tomé e Príncipe, também um dos oradores, enalteceu a importância de cooperação em tempos de pandemia, destacando que “é de extrema importância essa cooperação no tempo em que nos encontramos. E Portugal tem ajudado São Tomé e Príncipe no possível. Desde as primeiras horas quando foi diagnosticado o primeiro caso aqui, ofertámos ao governo cinco mil máscaras para a distribuição à população. Desde então que temos feito o possível e é importante realçar que houve uma grande mobilização de sociedade civil, os residentes na diáspora… todos movidos por uma causa e isso é de muito bom”.

Durante a conferência que foi presidida pelo Ministro dos Assuntos Parlamentares e Descentralização, Cilcios Santos, foi apresentado também o relatório de Monitoria aos projectos de Ajuda ao Desenvolvimento no sector Social no período 2012-2016. Um documento que visa contribuir para melhorar a governação e a prestação de contas da Administração Pública.

“O relatório diz que apesar das actividades dos programas de cooperação no sector social estarem alinhadas com as políticas de desenvolvimento do país, os mecanismos de gestão do projecto e programas com financiamento externo ainda não respondem adequadamente às necessidades de informação pública e que possa permitir o acompanhamento das acções da sociedade civil. A FONG vai continuar a marcar o seu posicionamento e o papel que a sociedade civil deve ter para o desenvolvimento. Tenho a acrescentar somente a necessidade de haver mais espaços para a sociedade civil, mais participação, mais espaço de diálogo entre a sociedade civil e as autoridades. É preciso que a sociedade civil não fique de fora”, disse Eduardo Elba, Secretário Permanente da FONG-STP.

Várias intervenções foram feitas durante a conferência, todas elas destacando a importância de haver maior participação da sociedade civil no desenvolvimento do país. Durante o evento foram distribuídos os briefings especiais sobre “Violência baseada no género em tempos de pandemia em São Tomé e Príncipe” (ver aqui), bem como a “Monitorização do financiamento atribuído a São Tomé e Príncipe em resposta à pandemia Covid-19”. (ver aqui)

Esta conferência pública insere-se na segunda Quinzena da cidadania, promovida pelos projectos Mais Participação, Mais Cidadania e Sociedade Civil pela Transparência e Integridade.

“Os dirigentes devem ser mais cautelosos e coerentes com as medidas de políticas públicas”


Palavras do coordenador do projecto Mais Participação, Mais cidadania, Eduardo Elba, durante a cerimónia de abertura da exposição fotográfica sobre exercícios de monitoria levado a cabo pela Federação das ONGs no âmbito da segunda Quinzena da Cidadania que esta segunda-feira teve o seu início. 

“Devem ser mais coerentes com as medidas de políticas públicas em prol do bem comum porque estes recursos não reflectem de forma nenhuma o bem comum. Os beneficiados continuam a necessitar e hoje estamos perante uma pandemia e nos encontramos numa situação de extrema necessidade, tornando-se mais difícil ainda avançarmos. Com a situação ao nível mundial do jeito que está os recursos serão mais difíceis de serem mobilizados para certos programas, certas actividades. Daí que nós continuamos a insistir no melhor aproveitamento dos recursos, senão a questão da luta contra pobreza, progresso e bem-estar social será sempre uma miragem”, disse Eduardo Elba. 

A exposição fotográfica patente no Centro Cultural Português até ao dia 20 reflecte o exercício de monitoria feito no sector das obras públicas dos anos 2014 a 2016, ao nível do Orçamento Geral do Estado e “fizemos esse exercício de rastreio para percebermos como é que foi a execução daquilo que o próprio governo na altura planificou para as obras públicas se conseguiu realizar e como realizou. Queremos com estas fotografias mostrar ao público a forma como os recursos públicos são implementados e que em alguns casos são muito mal implementados”, sublinhou o coordenador do projecto. 

Um dos exemplos apontados pelo coordenador do projecto Mais Participação, Mais Cidadania é o bloco operatório da Região Autónoma do Príncipe. Uma obra que remonta há treze anos “e que até ao momento não está devidamente acabada. E continuamos a assistir a evacuação dos doentes para São Tomé com custos associados quando poderia se evitar essa situação se a obra estivesse concluída. Para além do custo financeiro temos a situação das pessoas que vêm, ficam isoladas dos seus familiares. Estamos uma vez mais a advogar para que os recursos públicos que o governo consegue arranjar deve ser empregue da melhor forma. Não é de todo aceitável que tenhamos estradas que foram reabilitadas há pouco tempo que já se encontram degradadas e com recursos financeiros elevados. Na comunidade de Lenta Piá, no Príncipe, foi feita uma obra de saneamento básico, mas que não resultou e a população continua a queixar do mesmo problema”, referiu.

Alguns curiosos que se dirigiram ao local para ver a exposição enalteceram a iniciativa do projecto e chamaram a atenção das autoridades para este facto: “Gostei da exposição. Eu não sabia que existiam tantas obras assim inacabadas. As autoridades neste país têm que ser mais sérias e quem sofre com tudo isso somos nós. Já está na altura para pensarem mais no povo. Eu gostaria de aproveitar para parabenizar os promotores desta iniciativa, porque mostra que a sociedade civil não está adormecida como pensamos”, disse Jerónimo Lopes.


“Isto é para incutir na população que todos devemos participar para que o país vá para a frente. Essa monitoria da sociedade civil é boa, mostra que está preocupada com as questões do país. De realçar ainda que graças às monitorias da FONG muitas obras foram avançadas. Por isso é bom continuar com este exercício”, disse Arminda Rolim.

A exposição fotográfica continuará patente no Centro Cultural Português durante uma semana e depois será transferida para o espaço da rede na Rua Barão de Água Izé.

Porque a Quinzena da Cidadania tem um carácter descentralizado, está prevista, para esta quarta-feira dia 18, a realização no distrito de Lembá de uma exposição itinerante sobre “Histórias de Alguns de Nós”, workshop sobre a situação de crianças e jovens em situação de fragilidade antes e pós covid-19 bem como jogral sobre abuso sexual de menores.

Aceda ao programa completo.

Quinzena da Cidadania promove Feira do Livro


Está patente no Centro Cultural Português a Feira do Livro, no âmbito dos projectos Quinzena da Cidadania. O acto inaugural foi presidido pelo Representante da Ministra da Educação e Ensino Superior, José Viegas.

Diversas pessoas, sobretudo amantes de livros de todos os géneros, dirigiram-se à Feira do Livro à procura da obra do seu interesse. Na Feira estão várias obras de escritores são-tomenses e estrangeiros. Do acervo, fazem parte livros de poesia, literatura infantil estrangeira, aventura, investigação, ciências sociais, romances, história e enciclopédia.


Os que se dirigiram à feira felicitaram a organização pela actividade “ é de facto para gloriar, a feira está muito interessante e eu encontrei muitos livros importantes e sobretudo os preços acredito que estão acessíveis. Reclamamos sempre que não há livros no país e quando surge esta oportunidade temos que aproveitar. O livro que me fascinou é a Estação da Chuva, de Agualusa”, disse Maia Santa Rosa.



“Eu gostei muito dos livros infantis para as minhas irmãs. Gosto muito de ler por isso peguei os livros de aventura e romances”, frisou Denise Trindade.

“Eu já peguei alguns livros para as minhas filhas. Eu passo a mensagem para as minhas filhas sobre a importância da leitura. Vi livros para todos os gostos incluindo para bebés. A feira está interessante e com o natal à porta eu estou a aproveitar para comprar alguns livros para dar de presente”, disse Celmira Trindade.

José Viegas - repres. do Ministério da Educação
O representante da titular da Educação e Ensino Superior, José Viegas, na ocasião sublinhou que “a feira do livro é um evento cultural de grande importância. Esta feira tem uma riqueza de livros. Uma oportunidade para os amantes da leitura e não só aproveitarem, para ampliarem os seus horizontes do saber sem o qual o processo de sensibilização e participativo será difícil. O acervo patente nesta exposição é muito bom e vale a pena. Por isso, parabenizo a organização”, enalteceu o representante da ministra.


Este ano, em que vivemos um momento excepcional devido à crise pandémica, o tema central da segunda quinzena da cidadania é a Cooperação em Tempos de Pandemia. Ao longo de duas semanas, serão debatidas as diversas formas de participação e de cidadania em S. Tomé e Príncipe e ainda o papel da sociedade civil na monitoria orçamental e de políticas públicas. Além dos debates e apresentações de estudos que a Federação das ONGs tem vindo a desenvolver no último ano, serão ainda promovidos espaços informais de participação, através do teatro e da música.

Uma iniciativa de e para a sociedade civil, promovida pela Federação das ONG’s em S. Tomé e Príncipe, a Associação para a Cooperação Entre os Povos, a Associação de Jornalistas Santomenses, a Fundação Novo Futuro e a Plataforma de Direitos Humanos e Equidade de Género, com financiamento da União Europeia e da Cooperação Portuguesa.

quinta-feira, 12 de novembro de 2020

 


QUINZENA DA CIDADANIA EM 2020

Entre 16 e 30 de Novembro de 2020, os parceiros dos projectos Mais Participação, Mais Cidadania e Sociedade Civil pela Transparência e Integridade promovem a segunda edição da Quinzena da Cidadania. Este ano, em que vivemos um momento excepcional devido à crise pandémica, o tema central do certame é dedicado à Cooperação em Tempos de Pandemia.

Ao longo de duas semanas, iremos debater as diversas formas de participação e de cidadania em S. Tomé e Príncipe e ainda o papel da sociedade civil na monitoria orçamental e de políticas públicas. Além dos debates e apresentações de estudos que temos vindo a desenvolver no último ano, serão ainda promovidos espaços informais de participação, através do teatro, da música e da literatura.

Uma iniciativa de e para a sociedade civil, promovida pela Federação das ONG’s em S. Tomé e Príncipe, a Associação para a Cooperação Entre os Povos, a Associação de Jornalistas Santomenses, a Fundação Novo Futuro e a Plataforma de Direitos Humanos e Equidade de Género, com financiamento da União Europeia e da Cooperação Portuguesa.

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