segunda-feira, 15 de janeiro de 2024

5.ª Quinzena da Cidadania arranca em S. Tomé e Príncipe



Arrancou hoje (15) com uma conferência de imprensa entre os parceiros, a 5.ª Quinzena da Cidadania organizada pela FONG STP, a Associação para a Cooperação Entre os Povos, a Associação dos Jornalistas Santomenses e a Associação Santomense de Mulheres Juristas. O evento que decorre de 15 a 26 deste mês tem como lema” Cultura e Direitos Humanos”.

A Quinzena da Cidadania é um evento que procura contribuir para o reforço da participação das crianças, jovens e adultos na vida democrática em São Tomé e Príncipe.

“As actividades estão descentralizadas e iremos levar um pouco pelo país as iniciativas que programamos para estes dias. As crianças, adultos e jovens podem participar connosco”, sublinha o secretário permanente da FONG-STP, Eduardo Elba. Quando questionado sobre o momento actual, após os acontecimentos de 25 de Novembro de 2022, o responsável da FONG-STP respondeu que “a sociedade civil tem feito o seu papel e intervém sempre que possível. Depois de 25 de Novembro 2022 gerou-se uma cultura de medo no país. Estamos num contexto difícil e esta quinzena é uma forma de se debater e procurar ultrapassar. Qual é o papel que os jornalistas têm jogado neste processo? Todos temos receio pela nossa vida e, por isso, temos que trabalhar com cautela”.



O papel dos jornalistas nas questões relativas aos direitos humanos tem deixado “muito a desejar. Estamos a viver o rescaldo do caso de 25 de Novembro que o partido no poder está a procurar branquear a nódoa que manchou o nosso país. Ainda em 2018, também com este partido no poder, foi assassinado um economista, Jorge Santos, e este crime ainda continua por esclarecer. Por isso nós temos que trabalhar mais”, disse Juvenal Rodrigues, o presidente da Associação dos Jornalistas Santomenses.

Para este responsável, é necessário que os profissionais da comunicação social reflictam “sobre questões que se prendem com o acesso ao emprego, água, meninos na rua e questionem mais. Há muita coisa para se falar e debater, mas é preciso criar espaços, de modo que consigamos mobilizar os cidadãos e mudar esta sociedade”, concluiu Juvenal Rodrigues.

A ponto focal da Associação são-tomense das Mulheres Juristas, Domitilia Trovoada, outra parceira nesta actividade, avançou no seu discurso que vários workhops serão realizados, com foco no “ABC dos direitos humanos para que os jovens nas escolas possam saber o que é direito humano, como devem interagir, ou seja, desde muito cedo aprenderem como lidar com situações futuras na sua própria vida”, frisou.



Fátima Proença, da Associação para a Cooperação Entre os Povos, voltou a destacar o papel fundamental que os jornalistas e a comunicação social têm nesta Quinzena da Cidadania: “a importância da comunicação social na promoção dos direitos humanos e dos direitos culturais é complementar ao papel da escola, da família, das políticas públicas. (…) Gostava, em nome da ACEP, de agradecer aos parceiros que continuam a confiar em nós para prosseguir nesta caminhada de muito sobressalto. E o facto de estarmos na 5.ª Quinzena da Cidadania é um sinal de mudança, de evolução positiva e de afirmação da sociedade civil são-tomense”, disse Fátima Proença.

A responsável da ACEP destacou ainda a cooperação que tem existido entre os parceiros envolvidos nesta quinzena e a acção fundamental da Federação das Organizações Não Governamentais na criação desta “autoconfiança da sociedade civil. Não estamos onde gostaríamos, mas avançamos. Gostava de chamar a vossa atenção para a importância da Feira do Livro, uma forma de se adquirir livros a baixo custo; para a conferência que é outro momento importante e teremos o contributo de outros países sobre como os direitos humanos muitas vezes são influenciados pela cultura, bem como para a apresentação do 2.º índice de percepção sobre a corrupção em S. Tomé e Príncipe”, referiu Fátima Proença.

Esta 5.ª Quinzena integra ainda um workshop sobre teatro com adolescentes e jovens, debate televisivo sobre jornalismo e direitos humanos, conversas em torno dos direitos humanos e cultura, performance de dança da Academia das Artes e da Orquestra Social Rizoma.

Está igualmente programada a exibição de documentários, exposições fotográficas sobre a participação das mulheres nas manifestações culturais em São Tomé e Príncipe, e nomeadamente das mulheres no Tchiloli.

As actividades serão realizadas na capital e nos distritos de Lembá, Lobata, Mé-Zochi e Caué com o envolvimento de associações e autarquias.

A iniciativa é organizada no quadro dos projectos “Melhor Governação, Mais Direitos, Mais Cidadania” e “Observatório das Políticas e da Governação de São Tomé e Príncipe” e conta com o apoio da União Europeia e da Cooperação Portuguesa.

Consulte o programa completo

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