A
constatação é de Alda Bandeira e feita num seminário organizado pela Federação das ONG
em São Tomé e Príncipe sobre desenvolvimento local e a participação da
sociedade civil organizada. A acção aconteceu na passada sexta-feira, 06 de
Novembro de 2015, no Centro Paroquial de Neves, e contou com a presença de
cerca de 50 pessoas entre professores, deputados, membros do poder autárquico e
da assembleia distrital, membros das organizações da sociedade civil e outros.
Alda Bandeira, professora universitária |
Alda
Bandeira, professora, que dinamizou o seminário afirma que a participação
política em São Tomé e Príncipe se faz muito bem. As eleições são muito
participativas e há um bom clima de reconhecimento dos resultados eleitorais. Há
assumpção por parte dos que vencem e dos que perdem sem conflitos. “Mas a participação democrática não se cinge
apenas à participação nas eleições. É também participação da sociedade civil na
governação, e nisto temos ainda grandes limitações. O primeiro pressuposto para
que haja a participação é a consciência de que deve ser feita como um direito e
que temos um dever de responder com a nossa participação. Temos o dever de
intervir e de acompanhar aquilo que é o posicionamento e as opções dos nossos
governantes. A este nível ainda temos que trabalhar bastante para aprimorar as
organizações e consciencializar as pessoas, tanto os governantes como cidadãos,
de que essa participação é importante para a transparência do próprio processo
de governação”, precisou.
Uma
das grandes preocupações das pessoas do distrito de Lembá, de acordo com Inácio
Pinto, agricultor da localidade de Santa Geny, prende-se com a reforma ao nível
da educação levado a cabo pelo XVI Governo. “As nossas crianças saem daqui até Cantagalo e Mé-Zóchi. Temos uma escola
aqui no distrito, Escola de Campo, que podia ser reabilitada para as crianças
estudarem mesmo aqui. As crianças saem de manhã e regressam de noite, e, por
medo, muitos pais decidiram retirar as crianças da escola. Sobretudo em Santa Catarina,
muitas crianças foram retiradas da escola porque os pais não têm como mandar os
filhos até Cantagalo ou Mé-Zóchi. Como é que o nosso distrito se desenvolve se
as nossas crianças não têm oportunidade de crescer? Inácio Pinto continua
dizendo que essas crianças retiradas da escola são pessoas que podiam vir a ser
professores, médicos, engenheiros, enfermeiro, etc, para ajudar a desenvolver o
distrito e o país.
Em relação a essa questão, Alda Bandeira orienta “os pais de Lembá a se organizarem e proporem
ao Governo o que pensam para resolver o problema. Só assim vão ser ouvidos. Certamente
que a resposta virá à medida das possibilidades. O que deve ser retido aqui é
que a sociedade civil não é uma pessoa. É um grupo que se organiza para
resolver problemas específicos. Se falarmos isoladamente, as nossas
preocupações terão pouca probabilidade de serem ouvidas. É fundamental estar
organizado. Quando as pessoas estão organizadas, não há poder que se recuse a
responder às suas preocupações”, concluiu.
Albertino Barros, professor em Neves |
Esta
acção surge no quadro do projecto Sociedade Civil pelo Desenvolvimento, uma
iniciativa conjunta da FONG e ACEP, e está a percorrer todos os distritos do país.
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