Lúcia Cândido, Irmã Franciscana de Lembá, e André Ramos, Pres. da Câmara de Lembá |
O Centro Paroquial de Lembá,
na cidade de Neves, acolheu na passada sexta-feira, 26 de Junho, pelas 15h00,
um debate sobre o direito e o acesso à informação e a participação dos cidadãos
no desenvolvimento de São Tomé e Príncipe. Cerca de 2 dezenas de líderes
associativos e comunitários, e membros do poder local analisaram também a
actual situação do distrito de Lembá no que diz respeito ao acesso à informação
e participação nas decisões de âmbito local.
Lúcio Dias, residente em Santa Catarina |
Lúcia Cândido, Irmã
Franciscana de Lembá, desafiou o Presidente da Câmara de Lembá, presente no
evento, a desencadear mecanismos que facilitem levar informações às pessoas
para que se sintam valorizadas e incluídas nas decisões de âmbito local. Lúcia
Cândido entende que “sem a informação
não há desenvolvimento. Se a informação não chega às pessoas, elas não vão
poder contribuir. É preciso informar as pessoas para que elas sejam
responsáveis e responsabilizadas”. A Irmã Franciscana de Lembá acrescenta
ainda que “há pessoas em Lembá que para
elas o desenvolvimento não lhes pertence. Pensam que é coisa para o Pres. da
Câmara, para os governantes e para as pessoas da capital. Isto acontece porque
não damos devida importância às pessoas, porque não as incluímos nos assuntos e
nas decisões. Precisamos caminhar com as pessoas”, concluiu.
Mário Pires, professor na
Escola Básica de Santa Genny, falou da situação da sua comunidade de Santa
Catarina onde o acesso à informação é deficitário. “Temos uma rádio comunitária que podia ajudar, mas não funciona. A informação
local passa de boca-a-boca. As nossas crianças não têm acesso a nada, nem sabem
quem é o nosso Primeiro-ministro”.
Isalkia de Ceita, funcionária do Tribunal de Lembá |
Para Idalécio dos Santos,
representante da Cooperativa de Cacau Biológico, “em Lembá, há muitas comunidades sem energia e por isso estão isoladas
da informação. Todas as actividades de informação e sensibilização acontecem só
aqui em Neves. É preciso levar essas palestras para as comunidades. Há pessoas
perdidas nas comunidades rurais que não sabem nada sobre o país. Há situação em
que as pessoas nem sabem o que é violência doméstica. Podem sofrer de violência
doméstica, mas não sabem se podem queixar ou não, porque também não têm
conhecimento sobre os seus direitos”, reclamou.
Isalkia de Ceita,
funcionária no Tribunal de Lembá, reclamou dizendo que a Rádio Comunitária de
Neves funciona bem mas não passa informações necessárias e completas. Afirmou que
o facto das pessoas em Lembá terem pouco acesso à informação “há casos que devem chegar ao Tribunal, mas
vão para Polícia que não tem competência para os resolver. As pessoas não estão
informadas e não sabem como e quando recorrer a um tribunal”.
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