Cerca
de 30 pessoas, entre autarcas, líderes comunitários, membros das organizações
da sociedade civil organizada, reuniram-se na Sala de reuniões da Câmara
Distrital de Mé-Zóchi, no dia 11 de Dezembro, pelas 14h00, para participarem
num seminário sobre o desenvolvimento local e a participação das organizações
da sociedade civil organizada.
Falta
de articulação entre o poder local e os residentes continua a ser um dos
maiores entraves à resolução de muitos problemas, segundo os presentes. “A camara não conhece as organizações da
sociedade civil do distrito. Há organizações com alguma capacidade para ajudar
a Câmara a resolver alguns problemas cá no distrito, mas não há essa
articulação”, reclamou José Ramos, residente em Santa Luzia – Milagrosa.
Edvaldo
da Graça, Presidente da Associação dos Jovens de Milagrosa, vai mais longe e
conta um episódio que aconteceu na sua comunidade. Edvaldo reclama que “nós, em Milagrosa, tínhamos o problema da
falta de água. Falamos com a Câmara que se disponibilizou para nos ajudar a
resolver. Só que depois a Câmara foi para a comunidade medir o espaço sem falar
com ninguém. Depois levou materiais mas não informou ninguém. A Câmara fez tudo
sem as pessoas, não nos envolveu nos trabalhos quando estávamos disponíveis para
colaborar”.
Uma
das coisas que têm fragilizado a força da sociedade civil em São Tomé e
Príncipe é excessiva partidarização. “Quando
temos que nos unir para pressionar o poder local na resolução de alguns
problemas, há pessoas que não participam porque o seu partido está no poder. Recebi
aqui alguns conhecimentos que nos vão ajudar a organizar melhor a nossa
comunidade para resolver os nossos problemas”, disse Salvador Miranda,
representante da comunidade de Monte Café.
Alda
Bandeira, professora universitária, que vem dinamizando este seminário por
todos os distritos, insiste na organização da comunidade como uma estratégia
para levar as suas preocupações ao poder local. “As organizações da sociedade civil em São Tomé e Príncipe ainda não
atingiram o patamar desejado que lhes permite ter condições de participar e
influenciar as tomadas de decisões. Uma sociedade civil, quando organizada,
obriga o poder local a lhe dar atenção. A capacidade de união e de mobilização
interna é que fortalece as organizações”, concluiu.
Júlio d'Apresentação, Vereador da Câmara de Mé-Zóchi |
A
Câmara de Mé-Zóchi fez-se representar por três Vereadores. Depois de ouvir as
preocupações e as reclamações das pessoas, Júlio d’Apresentação, Vereador do
Pelouro da Juventude, apela a que as comunidades se organizem e fala das
dificuldades da Câmara em atender todos os problemas. “Nós temos grandes constrangimentos na resolução de todos os problemas
do distrito. É preciso priorizar. Nós, a Câmara, temos muitas dificuldades de
estabelecer prioridades, porque as comunidades não estão organizadas. O orçamento
que fizemos não nos foi disponibilizado nem metade. Fizemos um orçamento de
cerca de 40 mil milhões de dobras, mas o Governo só nos deu 5 mil milhões. Não conseguimos
fazer tudo. É preciso estabelecer prioridades num contexto onde as necessidades
estão em todo lado”.
Esta
acção surge no quadro do projecto Sociedade Civil pelo Desenvolvimento, uma
iniciativa conjunta da FONG e ACEP, e está a percorrer todos os distritos do
país.
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